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Artigo de Opinião

6/04/2021 08:02

Anteriormente vivíamos, mais ou menos, descontraídos, imersos nas nossas rotinas e rodeados de pessoas nos diferentes contextos onde gravitávamos, mas atualmente o espaço mudou e passou a ser essencial, seja de um metro, dois ou muitos mais. Inevitavelmente estamos todos mais distantes uns dos outros, vivendo a impossibilidade de contato, de abraços, de cumprimentos, fazendo com que a nossa bolha crescesse, necessitando hoje de muito mais espaço para podermos respirar em segurança.

Esta nova realidade veio se sobrepor a quase tudo o que conhecíamos antes, as máscaras vieram nos tapar os rostos, escondendo o receio, a ansiedade, a angustia de não podermos estar com os nossos amigos e familiares, de não nos sentirmos seguros em quase lugar algum, com receio de nos contagiarmos e acima de tudo, pavor de contaminar qualquer outra pessoa dos nossos círculos restritos. Passamos os dias na incerteza, confinados em casa, com saídas precárias para nos abastecermos de bens essenciais, agarrados a um computador de casa, num escritório solitário plantado no meio da sala, limitados a áreas reduzidas, com direito à pausa de café, na varanda destes novos espaços multifunções.

E se a maioria de nós esforça-se por ocupar o seu tempo de forma saudável, mantendo a sua saúde mental, muitas pessoas já viveram o drama de perto, com perdas familiares irreparáveis, lutos apressados, o estigma social associado e um sentimento de culpa e impotência, que deixará marcas profundas nas suas vidas daqui para a frente.

Conforme o filme vai decorrendo, e participamos incrédulos ao seu desenrolar, acompanhamos o esforço para vacinar o máximo de pessoas possíveis e assistimos ao desconfinamento que vai-se sobrepondo em todo o país, o regresso às aulas presenciais, o ressurgimento dos ginásios, das esplanadas e de outros setores de atividade que tiveram parados, assistimos ao aumento da natalidade, potenciado pelo teletrabalho, o tempo extra em casa e pela consciencialização da nossa própria vulnerabilidade e mortalidade e agarramo-nos às novas tecnologias para trabalhar e manter o contacto possível, com todas as pessoas que protegemos, ao nos afastarmos delas, durante todos estes meses.

É o princípio de um novo capítulo nas nossas vidas, é uma evolução nesta luta diária contra um inimigo invisível, é um aproximar do fim deste filme negro, e se bem que o caminho ainda é longo, e que ainda temos de manter a distância, qualquer dia destes, estaremos rodeados de pessoas no nosso espaço, que há de encurtar à medida que nos vamos "esquecendo", de todos estes meses de terror e incerteza e recuperamos o nosso bem-estar.

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