A secretária de Estado do Turismo, Rita Marques, afirmou hoje, em Londres, estar "moderadamente otimista" no bom desempenho do setor em 2023, apesar da guerra na Ucrânia e da crise económica e financeira.
Como sinal de "confiança" apontou a participação de Portugal na feira internacional World Travel Market (WTM) com o maior pavilhão e representação de sempre, onde estão 92 empresas portuguesas e sete regiões de turismo.
"Foi feito um grande esforço por parte do Turismo de Portugal para abrir novas empresas, mas a verdade é que elas responderam (…) o que quer dizer que existe confiança, apesar de toda a incerteza que ainda popula", vincou Rita Marques à agência Lusa.
Depois de "dois anos muito difíceis" durante a pandemia covid-19 que "fragilizaram a situação económico-financeira" do setor do turismo, este depara-se atualmente com o aumento da inflação e instabilidade criada pela guerra na Ucrânia, admitiu.
"Ainda assim", continuou, "as nossas empresas estão confiantes desta retoma", reiterando a expectativa de que as receitas turísticas de 2019 sejam ultrapassadas em 2022.
"Estamos otimistas, moderadamente otimistas, não só em relação a 2022 mas também em relação a 2023", afirmou Rita Marques à Lusa, indicando que as reservas já registadas para o próximo ano "são sinais animadores que […] dão confiança no futuro".
O vice-presidente do Millenniun bcp, João Nuno Palma, afirmou em setembro que o setor do Turismo vai registar um "abrandamento" na procura mas que deverá evitar uma recessão.
Num relatório publicado em junho, o Conselho Mundial de Viagens e Turismo (WTTC) previa que o setor de viagens e turismo ia impulsionar a recuperação económica em Portugal, ultrapassando os níveis pré-pandémicos em 2023.
Porém, num estudo posterior, em setembro, avisou que as "projeções globalmente positivas" são ameaçadas por "riscos negativos para a recuperação", nomeadamente o conflito na Ucrânia, "incluindo perturbações na cadeia de abastecimento e aumento dos preços da energia que aumentaram as pressões inflacionistas, reduzindo, por sua vez, os rendimentos disponíveis em mercados emissores importantes".
"Além disso, os efeitos das restrições do espaço aéreo e do aumento dos preços do petróleo poderão agravar os preços dos bilhetes de transporte, tornando assim as viagens mais dispendiosas", acrescentou, somando a escassez de mão-de-obra como outro dos desafios do setor.
A crise do aumento do custo de vida também foi identificada como a principal preocupação para 2023, tanto por turistas (66%) como por profissionais do setor (44,8%), no Relatório da Indústria 2022 do WTM, resultado de um questionário a 210 profissionais e 2.000 consumidores.
O preço da energia foi o segundo problema mais levantado pelos dois grupos de inquiridos, seguido pela guerra na Ucrânia, a pandemia covid-19 e o impacto do ‘Brexit’.
Segundo o estudo, apresentado hoje, a deterioração da situação económica mundial está a preocupar a indústria do turismo e 53% dos profissionais dizem que o setor só deverá voltar a níveis pré-pandemia em 2023, enquanto 32% receiam que a recuperação se prolongue, só aconteça em 2024 ou depois.
O WTM em Londres, que decorre entre hoje e quarta-feira no centro de exposições ExCeL, é uma das maiores feiras internacionais dedicadas ao turismo, atraindo em média mais de 50.000 visitantes anualmente.
Lusa