Em entrevista ao jornal Bild, Gonçalo Amaral, ex-inspetor da Polícia Judiciária que liderou a investigação do caso de Maddie, considera que o principal suspeito do crime "nada tem a ver" com o desaparecimento da criança e aponta novamente para os pais como sendo os "principais responsáveis".
Foi ao participar num programa especial sobre o caso de Madeleine McCann que Gonçalo Amaral revelou que não tem dúvidas de que o rapto da criança "foi simulado", justificando que há várias provas para provar essa afirmação. "Uma janela que ninguém sabia ao certo se estava aberta ou fechada, apenas fomos informados de que o suposto raptor entrou e saiu por lá e também havia impressões digitais da mãe, o que mostra que ela abriu a janela", referiu, citado pelo Jornal de Notícias.
O mesmo reforçou ainda que "o comportamento dos pais era estranho, quase parecia que nada havia acontecido. Eles estavam mais preocupados por não lhes servirem chá do que pelo desaparecimento da filha, quando deveriam estar em estado de choque ou nervosos, mas não havia nervos. Não foi uma reação normal", disse, citado pela mesma fonte.
O ex-inspetor da PJ apontou novamente para Kate e Gerry McCann como sendo os "principais responsáveis pelo desaparecimento", convicção que possui desde os primeiros meses da investigação, quando considerou que a criança tinha morrido no apartamento e que o rapto foi uma forma de fazer desaparecer o corpo e desviar as atenções. Por essa razão, segundo o JN, Gonçalo Amaral revelou que Christian Brueckner, apontado como o mais recente suspeito do crime, "nada tem que ver com o desaparecimento de Maddie".
"Nas primeiras horas, mesmo antes de desconfiarmos dos pais, recebemos uma lista de pedófilos que moravam na região e Brueckner estava nessa lista. Mas como é que alguém invadiu o apartamento sem deixar impressões digitais ou outras provas", questionou o ex-inspetor, acrescentando que "as declarações públicas do Ministério Público [alemão] apenas serviram para a construção do suspeito, para que as pessoas digam 'que monstro é este Brueckner' ".
Gonçalo Amaral frisou ainda que as autoridades portuguesas nunca conseguiram ter acesso ao histórico médico de Maddie McCann, uma vez que "nem os pais, nem as autoridades britânicas permitiram ter acesso a esse documento".
Ainda de acordo com o JN, Hans Christian Wolters, procurador-geral da república alemão, revelou, numa entrevista ao mesmo programa, que o ministério público alemão "não estava interessado na opinião de um ex-polícia português". "Presumimos ainda que o ex-polícia não tem os nossos arquivos, portanto, as suas conclusões são completamente irrelevantes", afirmou Wolters.
Recorde-se que Maddie McCann desapareceu a 3 de maio de 2007, de um apartamento num aldeamento turístico na Praia da Luz, no Algarve, local onde dormia juntamente com os dois irmãos gémeos. As mais recentes investigações apontam Christian Brueckner como sendo o principal suspeito pelo desaparecimento da criança, dado que na altura o suspeito vivia a poucos metros do local onde estava hospedada a família McCann.