Pelo menos três deputados ficaram feridos hoje numa luta com murros e pontapés, durante uma sessão da Assembleia turca sobre o caso do deputado da oposição Can Atala, que foi destituído.
A polémica surgiu durante uma intervenção do deputado do Partido dos Trabalhadores, Ahmed Sik, que acusou a bancada do Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP), no poder, de não ter “vergonha nem dignidade”, noticiou o diário Cumhurriyet.
Can Atalay foi destituído do cargo por ter sido condenado nos protestos de 2013 no Parque Gezi, em Istambul.
Ahmed Sik acusou o AKP de ser “a maior organização terrorista” da Turquia, após o que um dos seus deputados, Alpay Ozalan, se aproximou de Ahmed Sik, dando-lhe um soco na cara. Pouco depois, o caos instalou-se no hemiciclo.
Além de Sik, dois outros deputados ficaram feridos.
“Condenamos com toda a veemência esta agressão. Atacaram os deputados da oposição com base na sua superioridade numérica e feriram o vice-presidente do nosso grupo, Gulistan Kiliç Koçyigit, na sobrancelha”, declarou o DEM na rede social X. ”Condenamos este ataque nos termos mais fortes”.
Por seu lado, Ozgur Ozel, líder do principal partido da oposição CHP, instou o presidente da Assembleia Nacional Turca, Numan Kurtulmus, a “tomar medidas imediatas”. “A agressão é inaceitável”, declarou em comunicado.
Can Atalay, advogado defensor dos direitos humanos, foi eleito deputado nas eleições de 14 de maio, na lista do Partido dos Trabalhadores Turcos, mas não pôde tomar posse na sessão inaugural da nova legislatura.
Figura da oposição, Atalay foi condenada a 18 anos de prisão por crimes relacionados com os protestos de Gezi, que eclodiram em 2013 para impedir a construção de uma réplica de um quartel otomano, uma mesquita e uma casa de ópera nos principais espaços verdes de Istambul.
O Tribunal Constitucional turco decidiu, em outubro de 2023, que os seus direitos à liberdade e à segurança individual tinham sido violados, ordenando a suspensão do processo contra ele. Atalay foi detido em abril de 2022 no âmbito dos protestos, descritos pelo Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, como uma tentativa de derrubar o governo.