O Presidente interino da Síria, Ahmed al-Charaa, destacou hoje a “relação estreita” entre o seu país e a Rússia durante a sua primeira chamada telefónica com o Presidente russo, Vladimir Putin, segundo um comunicado da Presidência síria.
Ahmed al-Charaa sublinhou “as relações estreitas entre os dois países e a abertura da Síria a todas as partes, no interesse do povo sírio e para o reforço da estabilidade e da segurança da Rússia”, segundo um comunicado da presidência síria.
Putin, aliado do antigo Presidente sírio Bashar al-Assad, deposto em 08 de dezembro de 2024 pela Organização para a Libertação do Levante (Hayat Tahrir al-Sham, HTS), liderada por al-Charaa, dirigiu ainda “um convite oficial ao ministro dos Negócios Estrangeiros sírio, Assaad al-Chaibani para visitar a Rússia”, de acordo com o mesmo comunicado.
Putin e al-Charaa também “trocaram pontos de vista” sobre “a situação atual na Síria e o plano político para a construção de uma nova Síria”, de acordo com a presidência síria.
Em Moscovo, a presidência russa anunciou que Putin havia manifestado o seu apoio à “unidade, soberania e integridade territorial” da Síria durante a conversa telefónica.
Segundo o Kremlin (presidência russa), os dois líderes debateram uma série de questões atuais de cooperação prática nos âmbitos comercial, económico, educativo e outros, tendo em conta, em particular, as negociações em finais de janeiro em Damasco com uma delegação oficial russa, na sua primeira visita a Damasco desde a queda de Bashar al-Assad.
“Realizou-se uma troca pormenorizada de pontos de vista sobre a situação atual na Síria. A parte russa sublinhou a sua posição de princípio de apoio à unidade, à soberania e à integridade territorial do Estado sírio”, referiu um comunicado presidencial russo.
Putin “confirmou a permanente disponibilidade da Rússia para ajudar a melhorar a situação socioeconómica na Síria, incluindo o fornecimento de ajuda humanitária aos seus habitantes”, acrescenta a nota.
Putin e al-Charaa concordaram em prosseguir esses contactos a fim de elaborar uma “vasta agenda para o desenvolvimento da cooperação bilateral”.
O chefe de Estado russo desejou ao seu interlocutor “êxito na resolução dos problemas que a nova liderança do país enfrenta em prol do povo sírio, com o qual a Rússia tem estado historicamente ligada por relações de amizade e cooperação mutuamente benéfica”.
A conversa telefónica foi “construtiva, séria e substancial”, resumiu o Kremlin.
A Rússia mantém duas bases militares na Síria, cujo futuro se mantém incerto desde a queda de Assad, mas o comunicado da presidência russa não menciona que Putin e al-Charaa tenham discutido a situação das bases militares russas no país árabe, que são fundamentais para a política externa do Kremlin no Médio Oriente e no norte de África.
Juntamente com o Irão, a Rússia, que intervém militarmente na Síria desde 2015, foi o principal apoiante de Bashar al-Assad durante a guerra civil, reprimindo os rebeldes sírios.
Em finais do ano passado, Putin negou que a queda de Bashar al-Assad, que se exilou em Moscovo, tenha representado uma derrota estratégica para a Rússia no país árabe.
“Asseguro-vos de que não é esse o caso (...) A Rússia atingiu, em traços gerais, os seus objetivos na Síria”, declarou Putin, recordando que o exército russo foi destacado no país árabe “há dez anos, para que ali não fosse criado um enclave terrorista”.
A Câmara dos Deputados da Rússia (Duma) aprovou em dezembro uma lei que permite excluir da lista de organizações terroristas o HTS, atualmente no poder em Damasco.