A extrema direita venturiana alimenta-se diariamente do populismo e soundbites que encaixam no ouvido daqueles que não têm paciência para pensar nos assuntos, para refletir. Um dia dizem uma coisa, logo de seguida dizem o seu contrário, procuram incessantemente o que cada pessoa quer ouvir, sem qualquer consistência de políticas estruturadas ou estratégias para o país. Vamos a dois exemplos.
Antes da greve geral da semana passada, Ventura criticava duramente os sindicatos, referindo que estavam a ser alimentados pela esquerda e que a proposta de alteração à lei laboral era necessária, pois segundo a lógica venturiana, a que temos vem dos tempos da União Soviética.
O sucesso da greve geral, com paralisações por todo o país, fez com que Ventura recuasse, vindo dizer que afinal a greve era necessária, indo ao pormenor de dizer que “estávamos a criar um bar aberto para despedimentos e para a precariedade” Afinal como é? Decida-se Sr. Ventura.
Num debate das presidenciais, Ventura acusou o seu opositor de estar ligado a Miguel Albuquerque, como imagem do poder sob suspeita, esqueceu-se foi de referir que ele próprio também pediu o apoio a Albuquerque. Decida-se Sr. Ventura.
Mas, muito mais grave que a cana vieira que muda de opinião conforme o vento, é a manipulação de notícias, falseando-a de modo a influenciar o eleitorado com base em mentiras, para isso, dou apenas um exemplo que mostra a falta de vergonha que a cúpula venturiana tem.
Numa das edições do jornal chegano, chamado Folha Nacional, fazem uma grande capa com a frase “Imigrantes usam o SNS à custa dos portugueses”, com uma fotografia de uma sala de espera do hospital Amadora-Sintra cheia de imigrantes oriundos do Indostão. Só que num dos fact check de uma estação de televisão, provou-se a manipulação da fotografia, com muitos pormenores referentes a uma reportagem de 2023, algumas pessoas são as mesmas de 2023, outras não têm pernas, outras têm as mãos deformadas. Claramente pessoas encaixadas na fotografia de modo a mostrar o que não aconteceu. Enfim, há quem acredite nesta gente mentirosa e aldrabona.
Mais, O Sr. Ventura gosta muito de referir benefícios que a classe política tem, como se fossem uma cambada de parasitas da nossa sociedade, fique a saber que conheço várias pessoas que estiveram na política a perder dinheiro relativamente ao trabalho que exerciam antes de prestar serviço público ao país. O que o Sr. Ventura nunca refere são os privilégios que o seu partido e os seus dirigentes têm. O que o Sr. Ventura se esquece de referir são os quase 5 milhões de euros que o seu partido recebe por ano dos contribuintes portugueses, ou seja 20 milhões num mandato, para gastar a manipular informação e a prestar um péssimo serviço ao país, além de outros financiamentos privados de origem duvidosa. O que o Sr. Ventura se esquece de explicar é quem paga os 5 seguranças privados, que o acompanham diariamente. Mas nós sabemos, novamente os contribuintes.
É assim a extrema direita em Portugal e com a qual o PSD de Montenegro convive bem. Um partido e um líder partidário que manipula informação, que mente, que muda de opinião conforme o vento. Um partido que desafia muitas leis nacionais, nomeadamente com o próprio partido Chega que não consegue ter estatutos aprovados pelo Tribunal Constitucional e que continua em atividade, disputando inclusive eleições.
Quer mesmo dar o seu voto a Ventura? Depois não se queixe!
Umas boas festas e um feliz 2026.
Duarte Caldeira escreve à segunda-feira, de 4 em 4 semanas.