O governo sul-africano aplaudiu hoje o relatório da Amnistia Internacional (AI) que conclui que “Israel cometeu e continua a cometer genocídio, estando plenamente consciente dos danos irreparáveis que está a infligir aos palestinianos” na Faixa de Gaza.
“A África do Sul congratula-se com o relatório da Amnistia Internacional, que expõe o genocídio contra o povo palestiniano na Faixa de Gaza ocupada”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros e Cooperação sul-africano em comunicado.
O Governo sul-africano sublinhou que a AI é “uma organização não-governamental respeitada e independente”, conhecida “pelos seus relatórios rigorosos e pormenorizados”.
As conclusões do relatório “confirmam o caso da África do Sul perante o Tribunal Internacional de Justiça” (TIJ), afirmou o Ministério dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação.
A África do Sul acusou Israel, no final de dezembro de 2023, perante o TIJ, o principal órgão judicial da ONU, por crimes de genocídio dos palestinianos na guerra contra a organização política e militar palestina Hamas em Gaza, e outros países apoiaram posteriormente esta queixa.
O executivo sul-africano afirmou que o trabalho da Amnistia “deve ser visto através do prisma dos defensores dos direitos humanos”.
“Apelamos a todos para que protejam e apoiem aqueles que se manifestam contra as atrocidades e defendem os oprimidos. A África do Sul apela a um cessar-fogo imediato e à proteção das vidas e dos direitos dos palestinianos”, lê-se na nota oficial.
A AI publicou na quinta-feira um relatório intitulado “Sente-se Como Se Fosse Sub-Humano: O Genocídio de Israel contra os Palestinianos em Gaza”, onde afirma ter “elementos suficientes para concluir que Israel cometeu e continua a cometer genocídio”, um crime difícil de provar legalmente porque exige que se prove a “intenção” de cometer uma limpeza étnica parcial ou total de uma população.
A Secretária-Geral da Amnistia, Agnès Callamard, alertou para o facto de Israel ter tratado a população palestiniana de Gaza como “um grupo sub-humano que não merece os direitos humanos e a dignidade” e sublinhou que o relatório conclui “inequivocamente” a intenção genocida de Israel.
Desde o início da guerra no enclave, há quase catorze meses, mais de 44.500 palestinianos foram mortos (70% dos quais mulheres e crianças) pelos ataques israelitas, enquanto as autoridades estimam em cerca de 11.000 o número de desaparecidos.
Além disso, há mais de sessenta dias que Israel mantém um cerco no norte de Gaza, nas cidades de Jabalia, Beit Lahia e Beit Hanoun, que causou 3.700 mortos e desaparecidos e agravou a já grave crise humanitária na zona.
Peritos independentes da ONU acusaram também repetidamente Israel de cometer “genocídio” na Faixa de Gaza.
A 21 de novembro, o Tribunal Penal Internacional emitiu mandados de captura contra o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, e o seu antigo ministro da Defesa Yoav Gallant por crimes contra a humanidade e crimes de guerra em Gaza.