A Itália encontra-se, em plena pandemia, face ao risco de queda do governo, tendo o primeiro-ministro, Giuseppe Conte, admitido hoje que tal não seria compreendido pelo país duramente atingido pela covid-19.
O governo de Conte está à beira da implosão após semanas de críticas do antigo primeiro-ministro Matteo Renzi, líder da Itália Viva, um pequeno partido cujo apoio é crucial para a sobrevivência do executivo.
"Uma crise não seria certamente compreendida pelo país", declarou Conte à imprensa, adiantando que Itália enfrenta "uma situação (…) tão difícil com tantos desafios" e que a crise sanitária já matou perto de 80.000 pessoas no país.
Conte disse estar a "trabalhar no desenvolvimento de um programa para o final da legislatura" e apelou a que se trabalhe "de forma construtiva" para se "encontrar uma melhor coesão das forças da maioria".
Renzi convocou para hoje à tarde uma conferência de imprensa durante a qual poderá anunciar a demissão dos dois ministros que representam o seu partido e a saída deste da coligação.
Conte, por seu turno, poderá pedir um voto de confiança ao parlamento, esperando obter votos suficientes da oposição para compensar a saída do partido de Renzi, embora a opção pareça pouco provável, segundo a agência France-Presse.
Sem os 18 senadores da Itália Viva, Conte precisará de novos apoios no Senado, na câmara baixa a sua maioria é suficiente.
Uma outra hipótese seria um novo governo de Conte. O primeiro-ministro poderia demitir-se e obter um novo mandato do Presidente Sergio Mattarella para uma equipa renovada.
Conte esteve reunido hoje a seu pedido com o chefe de Estado.
Terceira economia da zona euro e o primeiro país europeu a ser atingido duramente pela epidemia, Itália enfrenta a sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.
Uma crise governamental poderá ainda dificultar a aprovação de um novo plano de ajudas públicas de vários milhares de milhões de euros para apoiar os setores mais afetados pelos confinamentos para travar a progressão do novo coronavírus.
Lusa