A China vai proibir a navegação marítima numa área a norte de Taiwan durante algumas horas no domingo, devido à "possível queda de detritos de foguetes", anunciaram hoje as autoridades da província chinesa de Fujian.
A zona de interdição dista cerca de 160 quilómetros de Taipé, a capital da ilha de Taiwan, que se situa em frente à província de Fujian, no sudeste da República Popular da China (RPC).
A área será encerrada a toda a navegação entre as 09:00 e as 15:00 locais de domingo (01:00 e 07:00 do mesmo dia em Lisboa), disseram as autoridades de segurança marítima de Fujian.
Durante esse período, todas as embarcações serão "proibidos de entrar" na zona de interdição, acrescentaram as autoridades provinciais, citadas pela agência francesa AFP.
O Ministério dos Transportes de Taiwan tinha anunciado, na quarta-feira, que a China iria impor uma zona de exclusão aérea no norte da ilha no domingo, devido a "atividades espaciais".
O anúncio de Taipé foi feito depois de Pequim ter completado, na segunda-feira, três dias de grandes manobras militares em torno de Taiwan, que envolveram simulações de ataques e do cerco da ilha.
A zona de exclusão aérea não parece estar relacionada com os exercícios, tendo Taipé afirmado que Pequim a iria estabelecer em "zonas de convergência de muitas rotas internacionais com base em 'atividades espaciais'", segundo a AFP.
As restrições aéreas durarão 27 minutos, das 09:30 às 09:57 locais (01:30 à 01:57 em Lisboa) de domingo, disse o ministério de Taiwan.
Pequim tinha inicialmente anunciado um encerramento de três dias, mas alterou os planos após objeções de Taipé, de acordo com o Ministério dos Transportes de Taiwan.
Os exercícios militares constituíram uma resposta de Pequim ao encontro da Presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, com o presidente da Câmara dos Representantes norte-americana, Kevin McCarthy, em 05 de abril, em Los Angeles.
Tsai fez escala nos Estados Unidos na viagem de regresso a Taiwan depois de ter visitado Belize e Guatemala, dois dos 13 países que ainda mantêm relações diplomáticas com Taipé.
O regime de Pequim considera Taiwan como uma província rebelde desde o fim da guerra civil chinesa em 1949, que ainda não conseguiu reunificar com o resto do território da RPC,
A ilha, atualmente com 23 milhões de habitantes, vive autonomamente desde então, mas Pequim reclama a soberania e ameaça tomá-la pela força se declarar a independência.
Taiwan tem estado no centro das divergências entre a China e os Estados Unidos, o principal aliado e fornecedor de armas da ilha.
A China está descontente com a aproximação entre as autoridades de Taiwan e os Estados Unidos, apesar da ausência de relações formais entre Taipé e Washington.
No verão passado, a China realizou manobras militares sem precedentes em torno de Taiwan em resposta a uma visita à ilha de Nancy Pelosi, a antecessora de McCarthy na Câmara de Representantes.
Lusa