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Valter Hugo Mãe: “Vir à Madeira é como dar corpo a uma relação que até agora era platónica”

Data de publicação
03 Março 2024
12:53

Momentos antes da apresentação de ‘Deus na escuridão’ na ilha que deu cenário à sua narrativa, o escritor Valter Hugo Mãe partilhou com o JM que, nos últimos 10 anos, os livros que tem escrito situam-se, de algum modo, em lugares concretos, o que cria em si “uma espécie de relação mais íntima com os lugares” de que fala, como se estes passassem a fazer parte da sua história pessoal. Com o seu mais recente livro a materializar esta relação, “vir à Madeira é como dar corpo a uma relação que até agora era platónica”.

“É muito, muito especial”, confessou o escritor, que explicou também que a ideia de recorrer à ilha como pano de fundo de ‘Deus na escuridão’ surgiu através de amigos que permitiram que conhecesse a mãe deles, Luísa Reis Abreu, que viveu no Campanário e que faleceu, no dia em que a obra chegou às livrarias. “Para além de trazer o linguajar que nós no continente não usamos, ela tinha um modo de ver a vida, típico de um ilhéu, que a mim me impressionava, e que passava muito por um exercício de fé que eu achava límpido, de uma dignidade incrível. Isso fascinou-me”, acrescentou.

Uma mulher rara que dizia ser comum

A mulher que inspirou a personagem ‘Luisinha do Guerra’ entendia-se por alguém comum mas, para Valter Hugo Mãe, “ela não tinha nada de comum, era uma mulher rara”. Assim, a história acontece porque “a vida ofereceu” estes encontros, que trouxeram até si “um retrato íntimo da ilha”.

“Foi a pessoa que eu conheci, em toda a minha vida, que mais me pareceu coincidir entre o que fazia e o que acreditava. Normalmente as pessoas dizem acreditar numa coisa e depois fazem outra, mas ela não. A senhora Luísa vivia profundamente convicta da sua fé e os seus gestos tinham sempre essa limpeza. Era uma mulher que não duvidava”, lembrou também, louvando a sua “bondade e generosidade”.

Valter Hugo Mãe “adoraria ter a grandeza desta mulher”, e a “capacidade de paz” que caraterizou ‘Luisinha do Guerra’, que “diante das coisas más, manteve sempre a calma porque esteve sempre apaziguada com o destino. Achou sempre que alguma inteligência benigna havia de justificar o seu próprio sofrimento. Então, de alguma forma, ela diminuiu o seu sofrimento, o que eu acho que é aquilo que todos nós adoraríamos saber fazer: sofrermos menos, aceitarmos que as coisas haverão de acontecer e sermos capazes de prosseguir na vida sem nos abatermos”.

O romance de Valter Hugo Mãe, apresentado este sábado na Feira do Livro do Funchal, chegou, este domingo, à Igreja do Campanário, uma segunda apresentação na Madeira pejada de significado, uma vez que este espaço faz parte daquela narrativa.

“É uma maravilha levar o livro para dentro daquela igreja”, disse o autor ao JM, contando que ‘Luisinha’ revelou que, no final da sua juventude, “ela e outras moças carregaram as pedras com que se construiu a igreja” desde o calhau. Pouco depois da abertura da igreja, foi lá que Luísa Reis Abreu casou.

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