O projeto nasceu do pensamento de um professor, que o colocou em prática numa sala de aula, na altura, com alunos da Escola EB1/PE da Pena, mas que já dinamizou também na Escola do Curral das Freiras, com a mostra dos resultados em outras escolas e na Associação Olho.Te, na Nazaré.
Deve haver um lugar para todas as crianças na escola, mas muitas, milhares, estão privadas desse direito por causa da guerra na Ucrânia. Marco Andrade explorou o livro ‘The Day War Came’, de Nicola Davies, com ilustração de Rebecca Cobb, sobre crianças refugiadas e, juntamente com os seus alunos e apoio dos encarregados de educação, foram sendo construídas cadeiras para ‘receber’ estas crianças.
Depois de serem apresentadas nas escolas, as cerca de 60 cadeiras e seis painéis são agora dados a conhecer numa exposição no Fórum Machico, a ser inaugurada amanhã, dia 19, e ficará patente até ao dia 8 de abril. A visitar no segundo andar do edifício, em frente à biblioteca.
Para além disso, Marco Andrade tem vindo a apelar aos utilizadores das redes sociais que mudem a sua foto de perfil para uma imagem de uma cadeira vazia durante uma semana, precisamente para alertar e sensibilizar para a problemática em torno das crianças refugiadas, devido às “atrocidades da guerra, que afetam os mais vulneráveis: as crianças”.
Como sublinha, “as crianças são frequentemente as vítimas mais afetadas pela brutalidade da guerra. Elas enfrentam um espectro de horrores, desde deslocamento forçado e separação das suas famílias até violência sexual, recrutamento forçado como soldados, mutilação, morrem à fome, enquanto a ajuda humanitária não chega, e até assassinato. Os impactos psicológicos dessas experiências traumáticas são profundos e duradouros, deixando cicatrizes emocionais que podem perdurar por toda a vida”.
O docente, a lecionar atualmente na Escola Básica de 1º ciclo com Pré Escolar e Creche Eng. Luís Santos Costa, lamenta que, “apesar das evidências claras e abundantes dessas atrocidades, a resposta internacional muitas vezes tem sido inadequada. Enquanto algumas organizações humanitárias e agências de ajuda trabalham incansavelmente para fornecer assistência às crianças afetadas pela guerra, os recursos disponíveis frequentemente são insuficientes para atender às necessidades em constante aumento. Além disso, questões políticas e interesses geopolíticos muitas vezes prejudicam os esforços para proteger os direitos das crianças e responsabilizar os perpetradores por suas ações”.
Considerando ainda que “o fenómeno da inércia e desinteresse em relação à tragédia das crianças na guerra levanta questões fundamentais sobre a moralidade e a responsabilidade global”, Marco Andrade quer ajudar num apelo à comunidade internacional para a assunção da responsabilidade coletiva de proteger e promover os direitos das crianças afetadas pela guerra.
“É neste sentido que levo os alunos a tomarem consciência sobre as consequências da guerra ou de qualquer tipo de conflito e que se lembrem que este tipo de ato é sempre inaceitável”, expressou. “Com estes trabalhos, pretendemos dar um grito com a palavra “Basta”, pois é o mínimo que se pode fazer”.