"Andam há 30 anos a fazer simulacros da descentralização"

David Spranger

Acérrimo defensor da descentralização, Miguel Albuquerque teve na manhã desta sexta-feira uma intervenção muito crítica para com Lisboa que, disse, "anda há 30 anos a fazer simulacros de descentralização, "mas não avança, porque verdadeiramente não pretende avançar”.

As declarações do presidente do Governo Regional da Madeira foram feitas na abertura oficial da conferência sobre a Regionalização, que decorre ao longo do dia na Reitoria da Universidade da Madeira.

Albuquerque enumerou as vantagens da descentralização, desde "maior eficácia de decisão" até "participação ativa dos cidadãos nas decisões das suas regiões", passando pela "maior responsabilização dos tutelares", "maior escrutínio e transparência", entre outras valências.

Albuquerque diz não encontrar qualquer virtude na centralização, apenas detetando desvantagens e fraco escrutínio, por exemplo, "das 143 empresas públicas do País. Toda a gente fala da TAP, mas só a CP, desde 2016, recebeu quatro mil milhões de euros", desafiando os cidadãos a tentarem perceber a realidade de todas as restantes.

Albuquerque disse ainda que "na altura de Salazar faziam-se comissões, agora são observatórios. Por tudo e por nada cria-se um observatório, que custa milhões".

Outro exemplo de que a centralização só interessa a Lisboa, aqui recorrendo a um estudo recente, é atestada pelo facto de "77% das empresas fornecedoras da administração pública, 62% das empresas fornecedoras do Estado e 40% das empresas fornecedoras da administração local, estão sediadas na Área Metropolitana de Lisboa", conforme partilhado por Albuquerque.