A V Conferência do Caminho Real da Madeira ficou também marcada pela intervenção do participante Ricardo Vieira, que, a partir da plateia, levantou questões estruturantes sobre a gestão, a regulamentação e o futuro dos percursos pedestres na Região. Recordando o diploma publicado em outubro de 2022, que regulamenta os acessos aos percursos classificados como Caminhos Reais, Ricardo Vieira sublinhou que o documento “curiosamente não regulamenta verdadeiramente os acessos”, mas sim cria uma taxa, estabelece contraordenações e atribui a gestão desses caminhos ao Instituto das Florestas e Conservação da Natureza.
A partir desta observação, lançou uma primeira pergunta: “A quem cabe a gestão pública destes caminhos? Aos municípios, às freguesias, à Região, ao Instituto das Florestas?”
Para o participante, a clarificação de competências é essencial para garantir uma política coerente de preservação, manutenção e ordenamento dos trilhos históricos.
Ricardo Vieira levantou ainda dúvidas sobre as estratégias futuras para limitar a capacidade de carga dos percursos. Questionou se a Região pretende avançar para modelos semelhantes aos utilizados noutros destinos mundiais, onde o acesso é condicionado por quotas diárias ou por sistemas de inscrição obrigatória.
Por fim, defendeu que qualquer nova política deve ser construída com ampla participação pública. “Se o novo ano vai anunciar mudanças, seria muito importante que fossem definidas de forma participada”, afirmou, destacando o papel da Associação do Caminho Real nesse processo. “Vivemos num tempo em que a participação dos cidadãos na elaboração das regras é fundamental. E é bom não esquecermos disso”, concluiu.