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V Conferência: “A decisão de dar o primeiro passo é sempre disruptiva, mas necessária”

Data de publicação
29 Novembro 2025
12:56

A intervenção do Padre Francisco Caldeira trouxe ao segundo painel da V Conferência do Caminho Real da Madeira — dedicado ao “Caminho Interior” — uma reflexão profunda sobre o ato de caminhar enquanto experiência humana, espiritual e transformadora. Sem se apresentar como peregrino formal dos Caminhos Reais, assumiu-se como “semi-caminhante”, alguém que percorre “os reais caminhos da vida” e aqueles que “a história e a natureza nos oferecem”.

Começou por agradecer o convite e felicitar “todos aqueles que são caminhantes da vida”, citando Fernando Pessoa para recordar que “as viagens são os viajantes” e que, afinal, “não vemos o que vemos: vemos o que somos”. O caminho, afirmou, é simultaneamente o que percorremos e aquilo que nos vai moldando. “O caminho é aquilo que nós vamos sendo, sendo o caminhante, e o caminho faz-nos a nós”, sintetizou.

Para preparar a intervenção, contou, recorreu não a tecnologias modernas, mas “a uma velha enciclopédia universal”, onde encontrou um excerto de um guia do peregrino de há oito séculos, ligado ao Caminho de Santiago. Leu um trecho que serviu de introdução à reflexão:“Ao caminhar, vences toda a inércia. Vai e entrega-te ao caminho. Arranja tempo para olhar — para ti, para a surpresa do caminho, para aqueles que caminham contigo. Busca sempre o essencial. Leva o mínimo. Caminhar é descansar e descansar é caminhar.”

Este guia medieval, disse, continua atual ao lembrar que os perigos do caminho são exteriores — natureza, intempéries, obstáculos — mas também interiores, como “a vontade de voltar para trás”. E termina com um convite que o sacerdote destacou: “Cumprimenta toda a gente, até mesmo as minhocas. Caminha com todos. Nós somos o caminho e o caminho somos nós.”

A reflexão do Padre Francisco Caldeira estruturou-se em torno de quatro verbos — “bordões” ou “bastiões”, como lhes chamou — que formam o seu “PPRR”: partir, partilhar, resistir e recomeçar.

O sacerdote lembrou que a maior dificuldade, para qualquer caminhante, é vencer a inércia inicial. “A decisão de dar o primeiro passo é sempre disruptiva, mas necessária”, afirmou. Para isso, é preciso estabelecer um objetivo. Citou a história de um grupo de caminhantes que alcançou o cume de uma montanha apesar das previsões pessimistas. Quando lhes perguntaram como tinham conseguido, responderam: “Porque o nosso coração estava lá em cima.”

O segundo painel da conferência, intitulado “Caminho Interior”, abordou a dimensão humana, cultural e espiritual do ato de caminhar. Além do Padre Francisco Caldeira — reconhecido pelo trabalho social desenvolvido junto de comunidades vulneráveis — participaram também Natércia Xavier, técnica superior com vasta experiência em políticas culturais, e Rafael Santos, diretor executivo da Associação do Filme, Televisão e Multimédia da Madeira. A moderação é de Celina Faria.

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