A propósito das recentes declarações do presidente do Governo Regional no que toca ao setor do Turismo, a partido RIR expressa, em comunicado, “sérias reservas”, considerando que “os apelos agora feitos à sustentabilidade, à gestão de fluxos turísticos e ao controlo de acessos a áreas sensíveis chegam tardiamente, numa altura em que os efeitos do turismo desregulado são já visíveis e preocupantes”.
Nota assinada por Liana Reis, coordenadora regional do RIR, recorda que o partido tem vindo a “a alertar de forma contínua para os riscos associados a uma política turística orientada exclusivamente para o crescimento, sem planeamento estratégico e sem consideração pela capacidade real da Região”. “A pressão sobre os recursos naturais, a descaracterização de zonas urbanas e rurais e o aumento descontrolado do alojamento local são provas claras de um modelo que apresenta sinais de esgotamento. É lamentável que apenas agora o Governo Regional reconheça a importância de preservar a ‘qualidade de vida dos madeirenses’ — uma prioridade que deveria ter estado no centro das políticas públicas desde o início”, critica.
O RIR considera que a “ausência de uma estratégia clara e de longo prazo” reflete-se na “proliferação desordenada da oferta turística, com a aprovação sucessiva de empreendimentos sem avaliação rigorosa dos impactos cumulativos no território”, apontando que falta transparência nos critérios de decisão e coerência nas medidas adotadas.
“Só agora se discute a introdução de medidas como o acesso pago a espaços naturais ou a reorganização de estacionamentos, quando muitos desses locais já se encontram saturados, ambientalmente fragilizados e desprovidos de infraestruturas adequadas para suportar os volumes de visitantes que atualmente recebem”, acrescenta.
Ainda que considere estações necessárias, o RIR evidencia que “são respostas superficiais e reativas, comparáveis a tentar apagar um incêndio de grandes proporções com baldes de água”. “A Madeira precisa de uma verdadeira mudança de paradigma no setor do turismo, assente numa política de sustentabilidade robusta, que tenha por base a capacidade de carga da ilha, a limitação e regulamentação rigorosa do alojamento local, e a proteção efetiva das suas áreas naturais e rurais”, reforça.
”Remendos pontuais não salvam um modelo turístico que já se encontra em clara deterioração. A Madeira precisa urgentemente de um novo rumo — um turismo que coloque os residentes no centro das decisões, que respeite o território e que garanta um futuro verdadeiramente sustentável para todos”, remata Liana Reis.