O secretário regional de Equipamentos e Infraestruturas visitou, esta segunda-feira o Compensador Síncrono do Caniçal, infraestrutura que o Governo Regional, através da Empresa de Eletricidade da Madeira está a construir, constituindo um investimento estratégico para a Região.
Este equipamento destaca-se, sobretudo, pela sua capacidade de injetar, instantaneamente, correntes de curto-circuito elevadas, na ordem de 5 vezes a capacidade nominal, durante um curto período. Essa função é fundamental para isolar os defeitos de rede, minimizando as cavas de tensão, principalmente em cenários de fortes penetrações de renováveis.
Além disso, o compensador desempenha um papel essencial na estabilidade da tensão, um dos problemas que contribuiu para o apagão ocorrido a 28 de abril na Península Ibérica. Trata-se, portanto, de um equipamento avançado que terá um papel crucial na transição energética da Região, permitindo inclusivamente a operação do sistema elétrico sem centrais térmicas (modo “térmica zero”) sempre que haja recursos renováveis disponíveis.
Durante a visita, Pedro Rodrigues destacou que “este é um investimento estruturante que fortalece a estabilidade da nossa rede elétrica e possibilita que, com o seu funcionamento, a Madeira dê mais um passo firme no objetivo de atingir 50% de penetração de energias renováveis, sem comprometer os critérios atuais de qualidade de serviço e segurança no abastecimento aos consumidores. Estamos a construir um sistema mais resiliente e eficiente, seguindo um percurso firme rumo à autonomia energética e à sustentabilidade.”
Com um investimento global de cerca de 8 milhões de euros, cofinanciado pela União Europeia através do PRR, o compensador tem como principal objetivo reforçar a estabilidade da rede elétrica da ilha da Madeira. A obra foi lançada a concurso em abril de 2023, estando prevista a sua conclusão até ao final de 2025.
O Compensador Síncrono possui uma potência de 15 MVAr, no nível de tensão de 60 KV. Está equipado com volante de inércia para atingir uma constante de inércia (H) igual ou superior a 6 segundos na base da máquina, e será ligado na subestação do Caniçal, permitindo assegurar a estabilidade da rede em regimes de funcionamento normal e em situações de perturbação nos diferentes elementos do sistema.
Um dos aspetos mais inovadores do projeto é o acoplamento a um volante de inércia, permitindo ao compensador atingir uma elevada constante de inércia, contribuindo de forma decisiva para a estabilidade da frequência da rede. Esta característica é fundamental numa rede isolada como a da Madeira, onde a variabilidade da produção renovável pode comprometer a estabilidade em segundos.
Este investimento faz parte de um conjunto mais vasto de projetos estratégicos na ilha da Madeira, nomeadamente a central de baterias com 18,7MW de potência e 16,1 MWh de capacidade, também financiada pelo PRR. Em conjunto, estes projetos permitem aumentar significativamente a resiliência, eficiência e sustentabilidade do sistema elétrico regional, abrindo caminho para uma Madeira energeticamente mais limpa e autónoma.
A combinação de armazenamento em baterias, com inércia mecânica, representa um marco na engenharia elétrica regional e um exemplo de boas práticas, colocando a Madeira na linha da frente da transição energética em regiões insulares europeias, refere a SREI, em nota de imprensa.