‘Recomenda ao Governo Regional a realização do estudo de viabilidade para a construção de uma ligação em Metro de superfície entre a Calheta e o Caniçal’. Este o título do projeto de resolução, da autoria do PS, em debate esta terça-feira no Parlamento Regional, numa sessão que hoje decorre sob a presidência de José Prada.
“A mobilidade na costa suI da Região Autónoma da Madeira enfrenta desafios estruturais que exigem uma resposta estratégica, integrada e sustentável. A crescente pressão sobre os principais eixos rodoviários, a dependência excessiva do transporte individual e a ausência de soluções de transporte coletivo de elevada capacidade têm gerado congestionamentos frequentes, impactos ambientais significativos e uma degradação da quantidade de vida dos cidadãos”, fundamenta o diploma, defendido perante os deputados por Paulo Cafôfo, líder parlamentar e (ainda) presidente do PS Madeira
“A ligação longitudinal Calheta-Caniçal atravessa os principais centros urbanos e polos de emprego e serviços da Região Autónoma da Madeira, configurando o eixo oeste-centro-teste mais relevante da rede regional. O modelo atual, fortemente dependente do automóvel particular, tem-se traduzido em congestionamentos recorrentes na via rápida e estradas regionais, sobretudo nas horas de ponta e nos acessos ao Funchal, com custos económicos e ambientais elevados e impactos negativos na qualidade de vida, na pontualidade do acesso a serviços essenciais e na atratividade do destino Madeira”, pode-se também ler.
Mais, “a ausência de alternativas de transporte coletivo de alta capacidade criou uma excessiva dependência do automóvel particular, impedindo a institucionalização de novos hábitos”.
Ora, “neste contexto, impõe-se um salto qualitativo e quantitativo no transporte coletivo, com uma solução estruturante e de futuro, que costure o território do extremo oeste (Calheta) ao extremo leste (Caniçal), passando por localidades intermédias e interfaces estratégicos (Ribeira Brava, Câmara de Lobos, Funchal, Caniço, Santa Cruz e Machico), favorecendo coerência territorial, previsibilidade de tempos de viagem, redução de emissões e requalificação do espaço público nas áreas servidas”.
Esta solução, considera o Partido Socialista, “não se limita a responder a problemas de tráfego, é uma oportunidade para requalificar o espaço público, reforçar a integração intermodal e potenciar a atratividade turística e empresarial da Madeira”, ademais porque “a ligação ao porto do Caniçal e à Zona Franca acrescenta uma dimensão estratégica, garantindo acessos rápidos e fiáveis a polos logísticos e económicos fundamentais para a Região”.
Os socialistas atestam ainda que “em sede técnica e cívica tem sido sublinhada, por especialistas e entidades profissionais, a necessidade de ligar o centro do Funchal aos principais aglomerados urbanos através de soluções de alta capacidade, o que reforça a pertinência de avaliar um corredor longitudinal oeste-teste com ambição metropolitana, interoperável com a rede rodoviária e com a rede de autocarros urbanos e interurbanos”.
“A concretização do projeto poderá mobilizar financiamento europeu, designadamente através do Mecanismo lnterligar a Europa, do Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional (FEDER), que contempla investimento em mobilidade urbana sustentáveI em regiões ultraperiféricas e insulares e do Banco Europeu de lnvestimento. A articulação entre estes instrumentos e eventuais parcerias para material circulante e operação pode otimizar o custo total de propriedade e acelerar o calendário de entrega”, acrescenta o documento, relevando que “o relatório com as conclusões do estudo, o cronograma de implementação e a estimativa orçamental faseada devem ser apresentados à Assembleia Legislativa, no prazo máximo de 12 meses”.