Sara André, presidente da Casa do Povo da Fajã da Ovelha, usou da palavra no momento de debate e partilha de experiências e informações do evento da ADRAMA, para chamar a atenção para dois desafios que considera importantes na Madeira relativamente à agricultura e ao desenvolvimento rural, nomeadamente o impacto das alterações climáticas e a crescente pressão imobiliária sobre o território madeirense.
A responsável alertou para os riscos associados à procura crescente de habitação por parte de pessoas oriundas de outras culturas, o que, segundo referiu, ameaça a identidade da Madeira e coloca uma pressão significativa sobre o espaço rural. “Há uma grande pressão do ponto de vista imobiliário na construção de novas casas por pessoas que nos visitam”, apontou. Sara André defendeu a criação de projetos de integração que permitam sensibilizar e “educar” esses novos residentes para as vivências e valores próprios das zonas rurais da Madeira. Ao mesmo tempo, deixou críticas à descaracterização arquitetónica do meio rural.
“Estamos a esgotar os espaços para recuperação. O que nós precisamos neste momento é que as novas construções continuem a respeitar aquela que é a traça e a base arquitetónica tradicional madeirense. Neste momento, temos tanta gente a construir que vamos acabar por ter uma casinha tradicional no meio de caixotes”, lamentou.
A dirigente lançou ainda o repto para que os futuros projetos turísticos, em especial aqueles que impliquem novas construções, sejam desenvolvidos com respeito pela tradição arquitetónica local.
Na resposta, Marco Gonçalves, novo gestor do Plano Estratégico para a Política Agrícola Comum (PEPAC) Madeira, admite que as alterações climáticas é uma das principais preocupações e que tem estado sempre presente nos ciclos programáticos, evidenciando o facto de que, só no PRODERAM 2020, 63% do programa tinha que contribuir para ambiente e clima.