A Câmara da Ponta do Sol, na Madeira, chamou hoje a atenção do Governo Regional para a necessidade de intervir nas encostas atingidas pelo incêndio que lavrou na região durante 13 dias, de modo a evitar deslizamentos de terra.
Em declarações à agência Lusa, após uma reunião com a secretária regional da Agricultura, Pescas e Ambiente, Rafaela Fernandes, a presidente da autarquia, Célia Pessegueiro, realçou que é preciso intervir na área florestal atingida, de modo a impedir “o deslizamento de pedras e de troncos”, uma vez que a vegetação que os suportava ardeu.
O encontro, no qual participou também a Junta de Freguesia da Ponta do Sol, serviu para articular os apoios a conceder pelo Governo Regional aos agricultores com prejuízos, que poderão reportá-los diretamente ao executivo ou ao município.
Na ocasião, Célia Pessegueiro (PS) deixou algumas sugestões à secretária regional com as pastas da Agricultura, Pescas e Ambiente, como a reconversão de terrenos que não são agrícolas e que arderam.
O primeiro passo é identificar os proprietários, explicou, e substituir a vegetação invasora que lá existe por outras espécies como castanheiros e nogueiras.
Assim, argumentou a autarca, os proprietários podiam tirar rendimento dessas propriedades e tinham um incentivo para mantê-las limpas.
A autarquia propôs também ao Governo Regional (PSD) que seja criada uma zona corta-fogo mais ampla, sem eucaliptos “tão próximos das habitações”.
“Não nos limitarmos a uma zona corta-fogo que implique só ir lá com máquinas e limpar os terrenos, termos uma zona corta-fogo que tenha a outras espécies plantadas, variadas, e que seja mesmo de facto uma zona em que o fogo não se aproxima”, apontou.
“Tendo uma mancha corta-fogo muito maior, as próprias pessoas também se sentem muito mais confortáveis e, do ponto de vista do combate, as coisas ficam muito mais facilitadas porque sabemos a partir de onde é que o fogo vai ter mais dificuldades em passar”, reforçou a presidente da Câmara.
Em declarações à agência Lusa hoje de manhã, a secretária regional do Ambiente disse que o executivo pretende ter até ao final da semana um “apuramento rigoroso” dos prejuízos do incêndio, referindo que os resultados são apresentados publicamente.
O incêndio rural na ilha da Madeira deflagrou em 14 de agosto nas serras do município da Ribeira Brava, propagando-se progressivamente aos concelhos de Câmara de Lobos, Ponta do Sol e Santana.
Na segunda-feira, ao fim de 13 dias, a proteção civil regional indicou que o fogo estava “totalmente extinto”.
Dados do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais apontam para mais de 5.104 hectares de área ardida.
Durante os dias em que o fogo lavrou, as autoridades deram indicação a perto de 200 pessoas para saírem das suas habitações por precaução e disponibilizaram equipamentos públicos de acolhimento, mas muitos moradores foram regressando a casa.
O combate às chamas foi dificultado pelo vento e pelas temperaturas elevadas, mas, segundo o Governo Regional, não há registo de feridos ou da destruição de casas e infraestruturas públicas essenciais, embora algumas pequenas produções agrícolas tenham sido atingidas, além de áreas florestais.
A Polícia Judiciária está a investigar as causas do incêndio, mas o presidente do executivo madeirense, Miguel Albuquerque, disse tratar-se de fogo posto.