O pároco de São Roque, José Luís Rodrigues, criticou há instantes "alguns doutos da praça clerical do Funchal, reunidos para perder tempo, no centro da Diocese do Funchal" que diz terem tentado "decapitar" a sua forma de estar e de outros colegas.
O texto escrito pelo padre serve de desabafo, mas avisa que está pronto a ir "mais longe".
"Escrever na água
Não gosto de ser crucificado
Andou na boca de algum povo que fui crucificado junto com as pessoas que livremente seguem e acompanham outras possibilidades de reconciliação na busca do caminho para Deus. É certo que eu e estas pessoas, temos todas virtudes e defeitos.
Mas ninguém abdica de usar a sua própria cabeça e de ser livre o suficiente para escolher e fazer o que entender com a sua vida.
Nunca abdicarei deste princípio basilar do Evangelho de Jesus Cristo. E «a tua fé te salvou», é das expressões mais emblemáticas que Jesus refere em todas as ocasiões em que acontecem os milagres ou são perdoados os pecados.
No ano da graça de 2023 alguns doutos da praça clerical do Funchal, reunidos para perder tempo, no centro da Diocese do Funchal, entenderam decapitar-me juntamente com outros companheiros e companheiras de marcha, que escolhem outras modalidades de reconciliação que não seja aquela que todos nós conhecemos, defendida pelos doutros charlatões da banha da cobra, como se fossem a orquestra do Titanic, que mesmo sentido a água a entupir-lhe o nariz para o afogamento, brunhem penas condenatórios contra os outros, considerados desalinhados.
Nessa tal reunião bendita da inutilidade, vociferam os mestres da colunária do céu, verdadeiros sábios escrutinadores dos pensamentos e intentos divinos, que as celebrações do perdão comunitário «são uma forma de enganar as pessoas». Esta sim, uma verdadeira afronta contra a liberdade e o uso próprio da cabeça de cada um.
No entanto, é preciso destacar que a vergonha do maior escândalo ainda não reconstruído por quem devia, reside na história que se conta das confissões auriculares/individuais, onde padres como verdadeiros carrascos liam versículos bíblicos com os olhos do diabo e imponham doses insuportáveis de sacrifícios aos pobres penitentes. Sem falar dos assédios, pedofilias, voyeurismos entre outras desgraças que conta a nossa história antiga e recente. Por isso, onde se berra tanto pecado, pecado, pecado… Deve-se dizer suavemente como Jesus dizia, PERDÃO sempre e incondicional, não importa a forma nem a fórmula.
Mas é grave, muito grave, que esses tais momentos de tortura ainda deem gozo prazenteiro a uns energúmenos acéfalos que nasceram por aí, donos da verdade e do pensamento único. São todos aqueles que já conhecem o caminho do céu e até já viram onde ele fica. Ora, não passam de analfabetos, que só servem para retenir a conversa patética dos nossos bispos totalmente despidos da realidade concreta que vivemos hoje. Pois, estes são os primeiros a encolher os ombros perante um barco que se afunda.
Mas fica triste ver que sempre há um pequeno bando que para se fazer bonito e agradar ridiculamente, não se trava de decapitar colegas e pessoas que eventualmente sigam outras vivências espirituais como muito bem entender.
Fica para já este desabafo, se for preciso ir mais longe, estaremos aí."
Edmar Fernandes