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“O que nós hoje estamos a fazer é o estudo”, diz Cristina Pedra sobre estacionamento na Praça do Município

Data de publicação
08 Agosto 2024
11:46

“O que nós hoje estamos a fazer é o estudo. Não decidimos avançar com a Praça do Município e não decidimos recuar”, disse, esta manhã, Cristina Pedra, que reage assim à polémica obra de criação de um parque de estacionamento subterrâneo naquele local.

Aos jornalistas, Cristina Pedra, à margem da abertura do evento ‘3D Sports 4 Youth’, na Praça do Povo, evento promovido em parceria entre o Município do Funchal e a Direção Regional da Juventude, mostrou-se surpreendida por aquilo que diz ser uma “falsa questão”.

A edil admite que se o parecer solicitado à DRC for negativo, a Câmara dará um passo atrás. Contudo, constata que, mesmo que existisse unanimidade na construção, até ao fim deste mandato – setembro de 2025 - a obra não ia avançar, porque existem outras obras prioritárias.

“A Câmara candidatou-se a eleições com um programa eleitoral no qual foi apresentado uma ideia de desenvolver um parque de estacionamento subterrâneo na Praça do Município. Não é uma ideia inovadora”, começou por afirmar, lembrando que, em 2005, quando o PS era liderado por Carlos Pereira foi apresentado uma proposta de 600 viaturas para parqueamento naquele mesmo local.

“Essa proposta que nós vertemos em promessa eleitoral, e devo relembrar que ganhámos as eleições por maioria, portanto, tivemos o arrojo e a coragem de pôr em tempo útil na apreciação dos funchalenses. Essa ideia logo foi vista pelo anterior presidente da Câmara, Pedro Calado, que assumiu que só iria para a frente se, após estudos realizados, concretizasse que não fazia perigar nenhum elemento, nomeadamente ao nível da segurança, arqueologia e patrimonial”, recordou, assumindo essa mesma posição.

“Eu penso que ninguém se oporá a que a Câmara faça os estudos sérios com as entidades especializadas, científicas e técnicas e, daí, termos pedido recentemente à Direção Regional de Cultura (DRC) a emissão do seu parecer. Portanto, não há nenhum dogma, não há nenhuma decisão de avançar, não há nenhuma decisão de abandonar. Há um processo que está a ser estudado”, sublinhou, garantindo que será a primeira a se opor se surgirem elementos.

“Há trabalhos internos que foram pedidos, e já os temos, e que apontam algumas coisas viáveis, algumas coisas com problemas. Portanto, a análise interna já temos”, disse, optando por não mencionar quais os problemas que estão em causa.

“Não vou aditar mais confusão, porque há aqui uma questão que eu não compreendo que está a circular que parece que é uma inevitabilidade construir um parque de estacionamento na Praça do Município. Eu digo: Não é. Essa decisão não está tomada”, reforça.

Mas, sustenta, “não é com a teoria do achismo”, mas sim com fundamentação técnica, especializada e científica que leve a concluir que o projeto não deve avançar. “E, nesse caso, não será feito”, assegurou.

Questionada sobre as críticas derramadas nos últimos dias sobre o assunto, Cristina Pedra afiança: “há vozes que nem sabem o que se está a apreciar que é um estudo”, umas “mais a aproveitar a onda” e outras “abalizadas”.

“Eu respeito muito as palavras do senhor presidente do Governo Regional”

Uma das apreciações negativas ao projeto foi realizada, ontem, por Miguel Albuquerque que, em declarações ao DN-Madeira, referiu não ver com bons olhos a construção do parque de estacionamento.

“Eu respeito muito as palavras do senhor presidente do Governo Regional, não só como presidente, como ex-autarca que conhecesse melhor do que ninguém a realidade do município do Funchal e como munícipe. Nenhuma sensibilidade isolada faz quartar ou andar. A Câmara tem competências e é ela que vai decidir, mas vai decidir como decide qualquer dossier. Com um trabalho sério e fundamentado”, indica.

Câmara admite dar passo atrás

Cristina Pedra vinca que, caso o parecer solicitado à DRC for negativo, a Câmara dará um passo atrás. “Garanto-lhe que sim”, referiu, transmitindo que, mesmo que existisse unanimidade na construção do parque de estacionamento, até ao fim deste mandato- setembro de 2025 -, a obra não vai avançar. Além disso, se o parecer for negativo, há “muitas alternativas”.

“Mesmo que o parecer for positivo, em cada momento são politicamente definidas prioridades de investimento e posso-vos dizer que, neste momento, não podemos abandonar uma prioridade que é a execução dos 187 fogos de habitação que está em PRR”, aponta, afirmando que este último é um compromisso que a autarquia quer executar primeiro.

A edil releva ainda o facto de este estudo ter uma vantagem: “Este processo vai ficar na Câmara para quem vier para a Câmara. E vai estar instruído de forma séria e não com ‘teorias de achismo’. E quem vier se candidatar a eleições terá os elementos para dizer ‘eu vou fazer ou não vou fazer’”, aponta.

“Sério problema” de falta de estacionamento

Tendo ou não luz verde, a presidente da Câmara atenta para o “sério problema” de falta de estacionamento na cidade, constatando que compete ao executivo camarário encontrar alternativas dentro do que é possível para fazer face à situação.

“A estratégia de ter parque na cidade não é para trazer mais carros. É para colocar no parque os carros que estão em cima da superfície, porque como sabem é uma proliferação de carros estacionados em lugares onde não é permitido estacionar”, observa, reconhecendo que a mobilidade tem de ser estudada.

Pedra acredita “numa mobilidade suave” e realça, neste âmbito, o “bom investimento” que tem sido feito nomeadamente pelo Governo Regional em atribuir os passes públicos gratuitos.

“Se a Confiança tinha um estudo não o executou porquê?”

Questionada pelos jornalistas sobre o facto de a Confiança ter afirmado que o executivo quando chegou à Câmara pôs na gaveta um estudo da Coligação que previa a requalificação da Praça do Município, Cristina Pedra afiança: “Peço que me indiquem em que gaveta e abro as portas a abrirem as gavetas, porque se há algum estudo que eu conheça...não existe. Portanto, a Confiança em vez de mandar ‘bitaites para o ar’, faça o favor e apresente o estudo e diga onde ele está”.

Farpas à parte, a autarca admite, se existe esse estudo, ter todo o prazer em ler, estudar e pôr os serviços competentes a analisá-lo.

“Mas se a Confiança tinha um estudo não o executou porquê? Se calhar não prestava. Então tinham um estudo tão bom porque é que não o executaram? Eles estiveram oito anos...”, mencionou.

Recorde-se que este tem sido um tema que muita tinta tem feito correr nos últimos dias. Há muitos contra o projeto, mas há quem defenda a ideia. Foi inclusivamente lançada, na passada terça-feira, uma petição pública contra a obra que contava, no início da manhã, com a assinatura de mais de 1.880 pessoas.

“Quero que os munícipes pensem e saibam o que estamos a fazer. (...) A Câmara sente-se na responsabilidade de, tendo apresentado uma promessa eleitoral, estudá-la tecnicamente e com todos os cuidados até ao fim e vai dar o ponto de situação se for ou não viável, “não com a teoria do achismo, mas com teorias robustas, técnicas e especializadas”, rematou.

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