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MADIT’25 retoma conferências com “uma bateria que se auto-carrega” e a ciência por trás do futuro da energia

Data de publicação
31 Outubro 2025
15:45

O ciclo da tarde do Madeira Innovation Talks 2025, que decorre no Centro de Congressos da Madeira, arrancou com a engenheira e investigadora Helena Braga, que contou “uma história de inovação cheia de energia” — da aventura científica em Los Alamos (EUA) à colaboração com um Prémio Nobel Química — e apresentou o conceito que captou a plateia: baterias auto-recarregáveis.

Helena Braga recordou os primeiros passos, “em 2008, quase com uma mala de cartão”, quando partiu para Los Alamos para estudar materiais e eletrólitos sólidos. Desses trabalhos nasceu a viragem: “Percebemos que, quando o eletrólito é vítreo, a condutividade dispara.” Anos depois, já em colaboração com o Nobel John B. Goodenough, chegaram as “baterias a sério” e... a célebre “hora do chocolate” no laboratório de Austin: “Discutíamos no quadro, eu entusiasmava-me, e o professor dizia: ‘Sit down, young lady, I need to think.’”

O momento alto foi a explicação acessível do princípio das baterias auto-recarregáveis: “Uma bateria não ‘guarda’ energia química; a energia relevante é elétrica e vive nas interfaces. Se usarmos materiais que organizam espontaneamente cargas (como ferroelétricos), o sistema cria ‘padrões’ e ganha energia sem input externo imediato — é isso que permite, durante um período, aumentar a diferença de potencial e ‘auto-carregar’ a bateria.”

Para a investigadora, a chave está em aproveitar fenómenos naturais de organização descritos por gigantes como Prigogine e Turing: “Quando o material alinha cargas por si, é como se o ‘demónio de Maxwell’ trabalhasse a nosso favor. Não é uma máquina perfeita nem dura para sempre, mas ganhamos energia útil enquanto o padrão se mantém.”

Helena Braga sublinhou também o porquê desta corrida tecnológica: “Os eletrólitos líquidos das baterias atuais são inflamáveis. O estado sólido reduz risco e abre espaço a novos mecanismos de armazenamento.” E deixou um horizonte realista: “Há desafios tecnológicos, de fabrico e regulação. Mas o caminho está aberto e 2026 trará produtos sólidos ao mercado.”

Num recado final aos estudantes que encheram a sala, a mensagem foi de resiliência e método: “Não deixem a entropia ganhar. Estudem, perguntem, desafiem. A ciência não é linear — insiste, volta atrás, melhora — e é assim que a inovação acontece.”

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