O secretário-geral do Juntos Pelo Povo (JPP) anunciou que o partido vai disponibilizar, a partir de hoje, para consulta pública, o caderno de encargos lançado pelo Governo da República para a aquisição de um estudo económico-financeiro relativo ao transporte de passageiros e carga rodada entre o continente e a Madeira através de uma linha ferry.
“Dando continuidade aos valores da transparência e da partilha dos atos da governação, o JPP divulga hoje, no seu site oficial, esse documento para que a população o possa ler, avaliar e emitir a sua opinião”, afirmou Élvio Sousa, num encontro com a comunicação social na Sala de Imprensa da Assembleia Legislativa Regional.
“O nosso objetivo”, acrescentou o líder da oposição, “é escrutinar de perto este volte face do Governo de Montenegro, com o apoio do PSD-M, pois o que na verdade foi prometido e inscrito no Orçamento de Estado de 2025 foi a operação de lançamento de um concurso público internacional para o estabelecimento do ferry, e não um estudo sobre a viabilidade económica da linha, um chavão que tem sido sucessivamente repetido por Albuquerque e o PSD-M”.
O líder do JPP lembra afirmações do ministro das Infraestruturas sobre este assunto: “o mais grave reside nas recentes declarações do ministro Miguel Pinto Luz que, ao mesmo tempo que enganou os madeirenses e porto-santenses com o flagrante recuo das intenções inscritas numa Lei que é o Orçamento de Estado, manda avançar com um estudo, mas, curiosamente, avança também com as suas conclusões”.
Recorde-se que em declarações na Assembleia da República, o ministro do PSD/CDS referiu que esse “estudo teria como base o último operador e que a avaliação não será diferente da do operador”, tendo declarado que a linha é “deficitária”, aludindo para o facto de a operação ter sido “propositadamente boicotada para não produzir resultados e trazer mais concorrência”.
Ou seja, Élvio Sousa argumenta que foi lançado um concurso e gastos mais de 200 mil euros para afirmar de antemão que a operação é deficitária. “Uma vergonha”, sublinha., lembrando que a última ligação por ferry foi da responsabilidade da Porto Santo Line. “O ferry entre a Madeira e o Continente está inquinado quando alguns dos donos dos grandes grupos económicos são os financiadores do PSD, CDS e do PS”, denuncia o líder da oposição.
“A operação não pode continuar a ser vista como uma hipótese ou uma repetição de modelos passados. Tem de ser vista como uma decisão estratégica de política pública no sistema nacional e europeu de transportes marítimos, para reduzir as assimetrias regionais e reafirmação da soberania logística de Portugal no Atlântico”, concluiu.