Centenas de trabalhadores concentraram-se esta sexta-feira em frente ao Palácio do Governo, na Avenida Zarco, no Funchal, no âmbito da greve dos trabalhadores da Administração Pública. A mobilização contou com uma forte presença de funcionários de diversos setores, desde a limpeza urbana à educação e saúde.
De acordo com Alexandre Fernandes, coordenador da União dos Sindicatos da Madeira (USAM), a adesão é, para já, considerada “boa”, com destaque para a Câmara Municipal do Funchal, onde a limpeza urbana registou cerca de 67% de adesão.
E, embora haja muitos serviços cujos dados ainda estão por chegar, nomeadamente ao nível da saúde, educação e administração local, o dirigente sublinha que há “valores muito interessantes de adesão à greve”, embora sem ainda haver valores definitivos.
Segundo Alexandre Fernandes, esta jornada de luta tem como principais reivindicações a valorização dos salários, a progressão nas carreiras, a revogação do SIADAP e o reconhecimento das profissões técnicas e especializadas, nomeadamente dos técnicos superiores de diagnóstico e terapêutica.
O sindicalista revelou ainda que houve “algumas tentativas de desmobilização” da greve por parte de governantes, dirigentes e diretores de escolas. Nesse sentido, o coordenador da USAM criticou as declarações da secretária regional da Saúde, Micaela Freitas, que afirmou ontem “não haver motivos” para os trabalhadores fazerem greve.
“Naturalmente respeitamos a opinião, mas não concordamos. Há motivos mais do que suficientes para justificar esta luta”, afirmou. Disse, ainda, que alguns diretores de escola informaram os seus trabalhadores, no final da tarde de ontem, que não tinham recebido o pré-aviso de greve e que os trabalhadores que hoje fizessem adesão à greve iriam ser marcadas faltas injustificadas.
“Ora, os pré-avisos de greve de todos os setores foram enviados atempadamente a todos os serviços públicos daqui da Região, desde o Governo Regional às Secretarias, às empresas públicas, às câmaras municipais, portanto os pré-avisos de greve chegaram atempadamente a todos os setores”, frisou.
Na educação, o coordenador do Sindicato dos Professores da Madeira, Francisco Oliveira, destacou que a paralisação afetou várias escolas da Região, muitas delas com os serviços administrativos encerrados e sem atividade letiva.
“Há várias escolas em que não conseguimos quer contactá-las, é sinal de que os serviços administrativos estarão encerrados e temos prova disso em várias escolas, muitas delas até completamente encerradas na atividade letiva”, referiu.
Francisco Oliveira reconheceu, contudo, que a adesão dos professores é inferior à dos assistentes operacionais, explicando que muitos docentes aguardam a resolução de vários problemas prevista para 1 de janeiro, no âmbito de negociações nacionais.
O dirigente alertou ainda para o impacto do pacote laboral do Governo nacional, que poderá afetar também os docentes madeirenses. Vai, “se for aprovado, atingir também os professores no continente em primeiro lugar, mas aqui depois será também praticamente inevitável que venha a acontecer. E nós, o sindicato de professores da Madeira, temos alertado os nossos colegas para isso”, apontou.