O líder do Juntos pelo Povo (JPP), Élvio Sousa, voltou hoje a criticar publicamente as prioridades do Governo Regional da Madeira, acusando PSD e CDS de privilegiarem investimentos em campos de golfe enquanto “ignoram os problemas reais” das famílias madeirenses.
Na sua página de Facebook, Élvio Sousa afirma que “se o PSD e o CDS, que governam em coligação, estivessem tão empenhados em baixar o custo de vida como estão empenhadíssimos em gastar dinheiro público na construção de mais campos de GOLFE, poderíamos calar a revolta. Mas não! Desejam usar muitos milhões do Orçamento Regional para aumentar a oferta dessa atividade.”
O líder do JPP sublinha que não é contra a modalidade, mas rejeita o desvio de fundos públicos numa altura de dificuldades generalizadas:“Não tenho pessoalmente nada contra o Golfe. Não posso é admitir que numa conjuntura de grandes dificuldades no acesso à habitação para a classe média e jovens poderem estabilizar a sua vida, com um custo de vida que não pára de subir e com as crescentes dificuldades dos utentes em aceder a uma cirurgia, exame ou consulta em tempo útil, se gastem milhões do erário para a construção de mais campos de golfe.”
Segundo Élvio Sousa, o investimento previsto poderá ultrapassar os 60 milhões de euros, verba que, segundo afirma, “dava para baixar dois pontos do IVA, que é o mais alto das regiões ultraperiféricas.”
O dirigente partidário critica ainda declarações recentes do presidente do PSD-M:“Esta semana, o presidente do PSD-M, que anda obcecado com a construção de mais campos golfe com o dinheiro do Povo, das famílias e das empresas, veio dizer que era necessário cortar nos gastos de Saúde, cujas deficiências de gestão política lhe são imputadas.”
Sobre o CDS, Élvio Sousa é igualmente contundente:“Do CDS, já nem falo, porque anda enjaulado na manjedoura governativa e é cúmplice desta situação, quando em tempos foi o maior crítico. Aburguesou-se. É submisso!”
O líder do JPP acusa também o Governo Regional de falta de coerência na gestão de recursos públicos:“Curioso que o líder do PSD-M, Miguel Albuquerque, quer cortar na Saúde, mas não cortou no aumento do número de membros dos conselhos das empresas públicas (SESARAM, IASAUDE, Investimentos Habitacionais e APRAM); não limitou a composição do seu governo a menos secretarias, estando coligado com o CDS; e não tomou medidas para estabilizar e reduzir o elevado número de nomeações políticas de técnicos especialistas, que já atingem quase 4 milhões de euros gastos ao ano.”
Para Élvio Sousa, “as prioridades estão invertidas”, demonstrando “a grande ausência de ligação do presidente do PSD aos reais problemas da população”, numa conjuntura de cofres cheios por via da extraordinária receita fiscal.
O líder do JPP questiona o impacto social que poderia ser alcançado com o montante previsto para os campos de golfe:“Quantas casas se fariam com os 60 milhões de euros do Orçamento Regional que serão desviados para os campos de Golfe? Muitas.”Recordou ainda que, segundo o secretário das Infraestruturas, o Governo irá pagar 43 milhões de euros por 210 habitações, concluindo que “60 milhões dariam casa a 290 famílias.”
Élvio Sousa rejeita por completo a continuidade destes investimentos com dinheiro público:“Mais campos de golfe com dinheiro público, não senhor! Se o negócio é rentável que avance o privado, pois esta história de estar a usar os impostos das famílias e das empresas para expropriar e pagar terrenos, fazer as infraestruturas e acessibilidades dos campos de golfe e para, depois, os ‘receber de graça’, é negócio da China!”
O texto termina com uma referência bíblica citada por Élvio Sousa:“De ninguém recebemos de graça o pão que comemos. Pelo contrário, trabalhamos com esforço e cansaço, de dia e de noite, para não sermos pesados a ninguém.”(II Carta de São Paulo aos Tessalonicenses, 3, 7-12)