O alargamento do horário de funcionamento convidou mais pessoas aos restaurantes de fora do Funchal, dando novo alento aos empresários do setor. O distanciamento mantém-se, mas a afluência está em crescendo, graças também aos turistas.Por

Marco Milho

É uma hora extra que faz diferença. Nesta última sexta-feira, o recolhimento obrigatório passou a fazer-se à meia-noite, e o horário de funcionamento dos restaurantes alargou-se até às 23 horas. Um alívio que já era pedido pelos empresários da restauração, como forma de deixar mais à vontade os clientes, até aqui obrigados a deixar mais cedo os estabelecimentos para regressar a casa.

Com o dever de recolhimento obrigatório a limitar a margem de manobra para quem pretendia sair dos mais movimentados centros urbanos, o alargamento dos horários da restauração e o adiar da hora do confinamento traz agora um novo ânimo aos empresários que se estabelecem fora do concelho do Funchal.

Obrigados a retornar a casa mais cedo, a opção mais viável para aqueles que residem na capital madeirense e arredores passava quase sempre pelos estabelecimentos mais próximos.

Mas, à medida que se aproxima o verão, os dias cada vez mais longos incentivam a um passeio mais longínquo, com idas à praia ou ao campo, e selados, muitas vezes, com jantares tardios.

Assim, é com alívio que os proprietários de restaurantes de outros concelhos olham para esta janela que permite mais tempo para que os clientes possam jantar com maior tranquilidade. Isso mesmo aponta Manuel de Jesus, coproprietário do Restaurante Santo António, no Estreito de Câmara de Lobos.

“Fechar às 22h em dias de verão… Às 21h ainda é de dia, as pessoas vêm jantar mais tarde, às 20h30 ou às 21h, e praticamente têm de sair a correr para podermos manter aquele horário”, explica, ao JM. “Agora, com mais uma hora, tem sido muito positivo. Esperemos que se mantenha, porque andar para trás é que não.”

Para o empresário, “o ideal é mesmo este horário, porque até às 22h as pessoas chegavam quase todas de uma vez, tinham de comer muito à pressa… Este é o horário ideal para as pessoas ficarem um pouco mais”, sublinha.

Responsável por um dos restaurantes mais conhecidos da Região, Manuel de Jesus reconhece que mesmo com as limitações provocadas pela pandemia, o Santo António continuou a ser um dos espaços mais procurados.

“Temos tido, praticamente todos estes dias, pessoas à espera de mesas, sobretudo ao fim de semana”, relata.

Mais a oeste, no Estreito da Calheta, Horácio Pereira também se mostra satisfeito com o alargamento, embora a abertura até às 22h também já tivesse trazido maior movimento.

“Tínhamos os nossos clientes habituais, por isso acabámos por também não sentir assim tanto a quebra, mas é claro que com a abertura até às 22h, houve um aumento de movimento”, conta o proprietário do restaurante Fontes do Horácio. “Temos tido uma boa casa, tendo em conta o afastamento que é necessário.”

“Jantar, ninguém janta às 23 horas, mas é normal que as pessoas fiquem mais um pouco e queiram ficar descansadas”, acrescenta.

Tal como acontece na Ponta do Sol, nos restaurantes da zona velha da vila, e mesmo junto ao mar, na marina da Calheta, a afluência é também evidentemente notada, como frisa António Spínola, proprietário do restaurante Leme Marisqueira.

“Notamos uma maior afluência nestes últimos dias, sem dúvida”, refere o responsável desta marisqueira. “Está a correr melhor, as pessoas têm mais tempo para sair e estão a vir mais para a Calheta.”

António Spínola ressalva que o acréscimo de afluência foi logo notado na primeira semana após o primeiro alargamento dos horários, no início de maio.

“Mal houve um levantamento de restrições, notámos logo uma melhoria, mesmo com a abertura apenas até às 22h”, explicou. “Agora tem vindo a ser cada vez mais notado. Não é nada como nos velhos tempos, mas é um recomeço promissor.”

FOTOS JOANA SOUSA