O líder do Juntos pelo Povo (JPP), Élvio Sousa, reafirmou este domingo o compromisso do partido com o restabelecimento de uma ligação marítima de ferry entre a Madeira e o continente, acusando PSD, CDS e grupos monopolistas de estarem a tentar travar a solução alternativa que o JPP tem vindo a defender.

Numa nota em que começa por citar Miguel Torga – “Há uma coisa que nunca poderei perdoar aos políticos: é deixarem sistematicamente sem argumentos a minha esperança” – Élvio Sousa afirma que é esse o espírito que orienta o movimento: “Não podemos desistir das nossas causas e dos projetos coletivos, mesmo que as maiorias os queiram declinar.”

O deputado sustenta que “ficou cada vez mais claro” que existe “uma concertação para manter a dependência de Lisboa” e para insistir na ideia de que a solução para o ferry passa apenas pelo Estado. “Ficam-se quase todos por aí. Não exploram outros caminhos alternativos. Porque será?”, questiona.

Élvio Sousa frisa que o JPP defende “duas vias” para garantir a retoma da linha, “abandonada há mais de uma década”: “Antes de mais, importa confirmar que nós defendemos duas vias para garantir essa linha marítima, abandonada há mais de uma década. Uma é através da exigência por parte do Estado dos seus deveres constitucionais e da continuidade territorial, a outra é por via da chamada diplomacia comercial entre governos. Basta haver vontade política, que não tem havido, obviamente.”

Lamenta ainda que “o país com a maior plataforma marítima da Europa não consegue, ou não quer, assegurar uma ligação marítima de carga e passageiros com as suas regiões insulares”.

O líder do JPP diz também ver, desde as eleições de março, um interesse crescente em conhecer por dentro a proposta do partido, não para a aplicar, mas para a neutralizar. “Começou pelo Diário do Grupo Sousa, por um pedido de entrevista que levou quase trinta dias a desejar sair (e nunca saiu!); depois pelo ex-secretário das infraestruturas Pedro Fino, alguns deputados do PSD e até de Miguel Sousa.”

Na última semana, acrescenta, essa “pressão” ter-se-á intensificado por parte do CDS, “pela boca de Sara Madalena e do secretário regional que tutela os transportes marítimos, José Manuel Rodrigues”, apontando ainda o facto de este ser apoiante do candidato presidencial Gouveia e Melo, “o tal que disse: ‘Não me parece que [o ferry] seja uma necessidade.”

Na mesma comunicação, Élvio Sousa acusa PSD e grupos económicos de terem “sabotado” a operação da Naviera Armas entre 2009 e 2011. Recorda que Duarte Rodrigues, do Grupo Sousa, afirmou em 2014 que a linha era deficitária, mas contrapõe que tal “afirmação contraria os argumentos da reunião que tivemos recentemente com o diretor comercial daquela operação. O aumento das taxas portuárias e os constrangimentos criados pelo então Governo Regional da Madeira foram decisivos para o abandono da linha rentável. O operador de então tinha rentabilidade na operação. Portanto, a operação não era deficitária financeiramente, desmentindo inequivocamente os responsáveis do GRUPO SOUSA.“

O líder do JPP reafirma que o partido tem um Programa de Governo que prevê o arranque de uma operação de ferry já em 2026, “e sem a premissa da subsidiodependência, para não onerar os cofres da Região.” “É preciso ter vontade política e desejo de reduzir o custo de vida”, sustenta.

Ainda assim, deixa um aviso quanto ao que considera ser o verdadeiro propósito do interesse demonstrado: “O ávido desejo de conhecer os meandros da nossa proposta não está no interesse em aplicá-la, mas sim em sabotá-la, tal como fizeram ao armador canário entre 2009 e 2011.”

“Acham que nasci hoje?”, remata.