Pedro Diniz, que liderou a candidatura do PS às autárquicas em Santa Cruz, mostrou-se muito crítico com o momento que atravessa o partido na Região.
“Passadas as eleições autárquicas, é impossível não olhar para o estado atual do Partido Socialista da Madeira com um sentimento misto de tristeza, indignação e preocupação”, começou por frisar.
Fala em “erros estratégicos graves, em decisões centralizadas e num afastamento progressivo da realidade das pessoas”, que fazem com que exista nesta altura “o risco de cair na irrelevância política regional e autárquica”.
As críticas prosseguem num texto escrito e publicado nas suas redes sociais:
“As autárquicas de 2021 foram o primeiro sinal claro de que a estratégia estava errada.
Em vez de consolidar projetos locais onde o PS tinha vindo a crescer e afirmar-se como alternativa credível nos concelhos onde era oposição, optou-se por um caminho de abandono e descontinuidade, sacrificando equipas e candidatos que representavam o futuro.
A realidade fala por si: de todos os candidatos de 2021, apenas Sofia Canha, na Calheta, teve a coragem e o sentido de dever de se recandidatar.
Todos os outros desapareceram. Não porque lhes faltasse capacidade, mas porque lhes faltou o apoio de uma estrutura que devia ter estado ao lado deles, e não contra eles.
Mas esta reflexão não é apenas sobre o passado, é sobre responsabilidade.
O PS Madeira não chegou a este ponto apenas por causa de Paulo Cafôfo. Seria demasiado simplista e injusto reduzir o problema a um nome.
O que nos trouxe até aqui foi uma teia de interesses pessoais, oportunismos e jogos internos, que minaram a coesão e afastaram quem pensava de forma livre e independente.
Foi o erro crasso de alguns que, por ambição pessoal, decidiram manipular a estrutura e forçaram um regresso que muitos sabiam que seria desastroso.
Mas preferiram o conforto do poder interno à coragem da verdade.
E agora? Onde estão esses mesmos que afundaram o partido? Fugiram? Esconderam-se, à espera de regressar como se nada tivesse acontecido?
Ou estarão já a preparar o “novo ciclo”, como se fossem heróis da reconstrução de algo que eles próprios destruíram?
O Partido Socialista precisa, urgentemente, de reconstruir-se por dentro, com verdade, com humildade, com pessoas que sintam o partido no coração e não no currículo.
Não com os de sempre, que se alternam nos lugares e nas conveniências, mas com quem quer verdadeiramente servir a causa pública e devolver ao PS o respeito e a confiança que o povo lhe retirou.
Eu não desisto. Mesmo que seja o último a fazê-lo, continuarei a lutar pela democracia, pela liberdade e pela autonomia, valores fundadores do Partido Socialista, valores que não são negociáveis.
Continuarei a dizer o que penso, mesmo que incomode. Continuarei a caminhar com quem acredita, mesmo que sejamos poucos.
Porque a história mostra que é nos momentos mais difíceis que se forjam as verdadeiras causas e se revelam os verdadeiros socialistas.
O futuro do PS Madeira ainda pode ser escrito, mas só se tivermos coragem de enfrentar o presente com verdade. O PS nunca vai desaparecer, principalmente para quem o traz no coração.
Termino com a frase do nosso fundador, Mário Soares: “Só é vencido quem desiste de lutar.”