A Associação do Caminho Real da Madeira promoveu no passado sábado, 1 de novembro, mais uma edição da caminhada ‘Pão-por-Deus no Caminho Real”, este ano na freguesia do Porto da Cruz, concelho de Machico.
A iniciativa reuniu 56 caminheiros num percurso circular de cerca de 9 quilómetros pelos caminhos vicinais ao Caminho Real 23, que atravessa esta freguesia nortenha. A caminhada permitiu aos participantes descobrir o património natural e histórico do Porto da Cruz.
O grupo partiu junto à Igreja Paroquial do Porto da Cruz, seguindo pelos caminhos vicinais que ligavam o Caminho Real às casas e sítios da freguesia, passando pelo Massapez, Achada, Referta, Serrado e Maiata. Pelo caminho, “os participantes encontraram figueiras, romãzeiras, pitangueiras, goiabeiras, araçás, tangerineiras e anoneiras, testemunhos vivos da riqueza agrícola e simbólica do outono madeirense”, descreve a organização, em comunicado.
O traçado incluiu a visita à Capela de Nossa Senhora de Belém, na Referta, onde decorreu um lanche partilhado com iguarias tradicionais do Pão por Deus. Em diversos pontos do percurso, foram dadas a conhecer histórias, tradições e lendas do Porto da Cruz, que retratam o seu património cultural. Entre elas, a lenda da espada de D. Sebastião cravada na Penha d’Águia, o mistério do Cedro do Diabo e os episódios históricos ligados à antiga produção de açúcar e aguardente que marcaram o desenvolvimento desta freguesia.
“Tal como manda a tradição, cada participante recebeu um saco de pano decorado com ilustrações e um poema alusivo à solidariedade e à amizade. No seu interior seguiam romãs, castanhas, figos, frutos secos e doces, lembrando que o verdadeiro pão é o da partilha e do companheirismo”, lê-se na mesma nota.
A caminhada terminou com um almoço convívio na Furna, junto ao mar, onde foi servido um magnífico repasto que encerrou um dia de celebração, descoberta e memória. No final, a alegria da jornada misturou-se com a consternação pelo mar da Maiata ter provocado mais uma vítima (um pai irlandês que entrou no mar para salvar a filha) lembrando a todos o respeito e a prudência que o oceano impõe, mesmo quando serve de cenário às nossas vivências mais belas.
Esta iniciativa da Associação do Caminho Real da Madeira pretende reafirmar o compromisso de preservar tradições madeirenses, promover o contacto com a natureza e reforçar os laços comunitários.