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Artigo de Opinião

Deputada do PSD/M na ALRAM

1/03/2023 08:00

Na literatura, o envelhecimento é descrito como ato ou efeito de envelhecer; ato ou efeito de tornar-se velho, mais velho, ou de aparentar velhice ou antiguidade; por seu lado, a longevidade é definida como característica ou qualidade de longevo; duração da vida mais longa que o comum.

Longevidade e envelhecimento estão diretamente relacionados. Enquanto um significa a duração de uma vida mais longa, o outro, o efeito de envelhecer. Sendo assim, quanto mais longevo, mais velho se torna um ser.

A longevidade da população cresceu muito durante o século XX. É cada vez maior o número de pessoas vivendo acima dos 100 anos de idade, embora pouquíssimas ultrapassem os 115 anos. Com novas tecnologias e avanços médicos a tendência é de aumento progressivo na longevidade humana, e quanto mais longeva, mais envelhecida é a pessoa.

Na Região Autónoma da Madeira, de acordo com os dados do Instituto Nacional de Estatística, em 2020, a população total era de aproximadamente 254 mil pessoas; cerca de 45 mil pessoas tinham 65 e mais anos, sendo que 11 mil tinham mais de 80 anos e estes números servem para demonstrar que nunca tivemos tantos idosos na nossa sociedade.

O aumento progressivo da esperança média de vida, tem evidenciado a complexidade do convívio entre as diferentes gerações; cada vez mais é visível uma impaciência dos mais novos para com o ritmo dos mais velhos. É imprescindível que as pessoas, velhos e jovens, conheçam e compreendam o processo de envelhecimento, para que comportamentos como discriminação e maus-tratos sejam erradicados do nosso dia-a-dia.

Contudo, é indesmentível que a perceção de uma grande fatia da sociedade sobre o avanço da idade é desanimadora e deposita medo nas pessoas que estão a se aproximar desta fase da vida.

Esta visão limitada e pessimista da velhice transforma a caminhada dos mais jovens para a velhice num processo desagradável e exerce uma influência mental e social negativa, que se reflete de forma transversal em toda uma geração idosa da sociedade que infelizmente vive cada vez mais sozinha e triste, onde a institucionalização numa estrutura residencial para idosos é a opção de fim de linha para muitos.

As perceções erróneas da sociedade criam impactos limitantes para os idosos no trabalho, na educação, nos serviços de saúde e no tratamento social de forma geral. São perceções determinadas e influenciadas por diversos fatores, tais como: a modernização da sociedade; o ritmo frenético da vida; o capitalismo; a falta de conhecimento; as crenças erróneas e os equívocos, muitas vezes disseminados pela comunicação social e também pelas redes sociais.

Estas perceções erróneas impactam pouco de forma positiva, mas sobretudo de forma negativa; do lado positivo, quando os idosos são devidamente reconhecidos pelos seus valores, pelas suas experiências e conhecimentos; por outro lado, negativamente, resultam em comportamentos estereotipados e preconceituosos, que conduzem os idosos ainda mais à exclusão social e ao isolamento.

São estas perceções que têm de ser combatidas por todos nós de forma empenhada; só assim, poderá se inverter o crescimento de fenómenos como a violência sobre os idosos em todas as suas formas e só assim poderemos colocar um travão às altas problemáticas, que devem ser motivo de reflexão de todos enquanto sociedade, porque infelizmente é um fenómeno que continua bem presente no nosso quotidiano.

A compreensão do envelhecimento e da longevidade é um desafio coletivo; todos temos a obrigação de contribuir para uma mudança de paradigma, olhando mais para a longevidade e menos ao envelhecimento cronológico, para que todos tenham o seu lugar útil na sociedade e para que a convivência entre diferentes gerações, seja vista como uma bênção e não como um fardo.

"Envelhecer é inevitável, ficar velho é uma opção."
Anónimo

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
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