Estes ciclos repetem-se vezes sem conta, porque normalmente Portugal e as suas regiões autónomas andam (quase) sempre em eleições. É raro o ano em que os políticos são obrigados a fixarem-se apenas nas funções para as quais foram mandatados através do voto, porque normalmente estão a ajustar equipas e clientelas partidárias (depois de uma eleição) ou a ajeitar calendários e planos de ação (antes da eleição seguinte).
As tentações parecem que chegam a todos. Veja-se o que provocou o deputado do PSD, Sérgio Marques: se foi estratégia política, ainda não se percebeu qual. Não que os temas que trouxe à colação - grupos económicos, obras ‘inventadas’ e Comunicação Social - não possam ser discutidos, mas porque o ‘agitador a fazer-se de vítima’ acumula pouca ou nenhuma legitimidade para discutir qualquer um desses temas. Só no que toca à Comunicação Social, é bom que se saiba que foi ele quem tentou que empresários comprassem o antigo Jornal da Madeira. Sem sucesso e sem jeito. Por ele não estava nada resolvido ainda.
Veja-se também as tentações em que caem partidos como o JPP. Do alto daquela auréola pró-beatificação dos seus membros, este partido acaba por estragar ações meritórias - como foi o caso espoletado pela autarquia JPP em torno da exigência de pagamento de IMI à empresa que explora o aeroporto da Madeira.
Contentes por o tribunal ter-lhes dado razão na exigência de fotocópias ao Governo Regional da Madeira - para saber quem foi incluído na comitiva das visitas oficiais de Albuquerque ao Curaçao e à Venezuela, dados que já tinham sido amplamente difundidos em toda a imprensa regional - o JPP deixou-se cair na tentação de brincar com a vontade de aparecer nas notícias: no dia em que recebeu os documentos do GR, anunciou na imprensa o despacho do tribunal, mas omitiu que já tinha os documentos na sua posse. Semana e meia depois, voltou a publicitar o despacho do tribunal, levando pelo menos um órgão a noticiar ‘Albuquerque terá de entregar fotocópias de toda a documentação’. Nova notícia, nova omissão. Sem malícia, como o outro?
São estas habilidades que alguns políticos julgam que dão votos.
Mesmo fora do Carnaval, que aí vem, as máscaras vão caindo.