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Artigo de Opinião

Advogado

21/05/2023 07:30

Tornadas publicas as relações de membros de Gabinete de um Ministro que não hesitam em chamar forças do sistema de informações para reaver um computador na posse de um despedido adjunto por ser depositário único de documentos fundamentais para a privatização de uma das maiores empresas publicas portuguesas e não se ter conseguido "à força" tirá-lo da mochila. O País assiste em direto a uma novela onde sobra a falta de sentido de Estado e de ética de serviço à causa publica.

Votada na Assembleia da Republica uma lei que ao abrigo de uma politica de mais habitação, sacrifica valores fundamentais de um Estado de direito perante uma situação de falência, consequência de um Governo que se demitiu de politicas publicas neste sector nos últimos anos.

Três exemplos concretos com tonalidades diversas e relevos naturalmente distintos que têm um sinal comum: a fronteira do que não pode ser deixado à livre intervenção publica foi quebrada. Se há sinais de um regime assente nas liberdades e direitos fundamentais é exatamente o respeito do Estado desse circulo de valores que fomos sedimentando ao longo de séculos. Não ter a noção dessa redoma em que se baseiam as sociedades modernas é abrir a "caixa de pandora".

A noção desse equilíbrio não é, infelizmente, um traço saliente na atual classe politica. Vivem no epiderme das noticias, aos sobressaltos de esporádicos e minoritários casos e sempre convencidos de que "estão lá" na arrogância da sua sapiência e autoridade, capazes de decidir sem limites materiais.

São os empregados dos partidos que apenas pela carreira de sabujice e fração são alcandorados aos lugares cimeiros da estrutura do Estado convencidos de que tudo podem fazer porque a aritmética e a habilidade de raposa lhes deu essa oportunidade. Outrora houve medo dos tecnocratas, hoje o receio tem de ser colocado nesta classe impreparada, sem experiência nem referência, que assola as cadeiras governativas com a facilidade da cor do cartão.

Há que ter medo do que aí está!

A democracia está em crise? É a própria politica que está em crise, descredibilizada, desacreditada e à rédea solta à boa maneira de um totalitarismo disfarçado, mas eficaz. Mais do que alternância, do que se precisa é de nova gente que saiba ao que vai e para que vai. Políticos que saibam a importância da estrutura fundamental da sociedade, dos seus valores tradicionais e essenciais à vida coletiva. Políticos que tenham ética e que se questionem sobre o serviço à causa do bem comum todos os minutos da sua vida.

Não é só o atraso económico que nos deve preocupar. Não é apenas a degradação de serviços sociais essenciais como a saúde, a educação e a justiça. Não é só um excesso de publico que esmaga o pulsar das empresas e das famílias. É muito mais que isso: é a essência da politica que está em causa.

E não está apenas na mão do inquilino de Belém! Está muito mais na capacidade individual e coletiva de uma nação em por fim a esta tragédia.

Que Deus nos ajude!

Ricardo Vieira escreve
ao domingo, de 4 em 4 semanas

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