Todos somos diferentes, todos temos necessidades diferentes, mas todos temos direito ao acesso das mesmas oportunidades. E é aqui que reside a questão. O facto de sermos diferentes, sejamos mulheres ou homens, 'negros' ou 'brancos', religiosos ou ateus, não nos superioriza ou inferioriza, apenas nos distingue nas nossas características.
O que Mary Wollstonecraft e Martin Luther King tiveram em comum, entre si e com outras tantas figuras ímpares da história da humanidade, não foi apenas o facto de ambos terem sido pioneiros no seu tempo, mas também porque travaram uma luta contra uma diferenciação que à partida nem devia ter existido.
Infelizmente, ela existiu no passado e continua a existir nos nossos tempos e não se limita à questão dos géneros. É inegável a discriminação a que muitas mulheres ainda são sujeitas nas várias fases da sua vida, mas sobretudo no mercado de trabalho, assim como não podemos negar essa mesma discriminação se falarmos em questões de etnia e religião, sobretudo aquelas que representam uma minoria face a um contexto geral.
A luta pelos mesmos direitos no acesso e nas condições de trabalho ou noutro tipo de oportunidades é ainda necessária, mas não se deve limitar à questão dos géneros, mas à discriminação por si mesma. Discriminação entre seres humanos, independente de serem homem ou mulher, da cor da sua pele, origem ou credo.
Por isso, não sendo, necessariamente, contra, porque tudo tem a sua razão de existir, faz-me impressão que haja um Dia da Mulher, um Dia do Homem (verdade, é a 19 de novembro), um Dia da Criança e até um Dia dos Animais, mas não há o Dia do Ser Humano. Há o Dia dos Direitos Humanos, mas não é bem a mesma coisa, embora seja importante.
Somos diferentes e ainda bem! As mulheres mais emocionais, mas nem por isso menos fortes. É outro tipo de força. Vamos ao fim do mundo se for preciso. Os homens com maior resistência física e, aparentemente, menos sentimentais nas coisas do dia-a-dia, mas capazes de gestos grandiosos. Nada disso deve ser razão para limitar uns e outros em nenhuma circunstância. A diferença deve ser valorizada e aproveitada, mas não deve ser motivo de aproveitamento e de inferiorização.
O acesso a benefícios e direitos, o exercício de tarefas, funções, cargos e profissões não deve ser condicionado pelo género, cor da pele, origem ou credo, mas sim pela ambição, determinação e capacidades adquiridas ao longo da vida. Todos devemos estar sujeitos aos mesmos direitos e deveres. Até lá, se calhar, não temos mesmo razões para celebrar o Dia Internacional do Ser Humano! Lutemos para alcançar esse objetivo!