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Artigo de Opinião

Directora Business Development

15/08/2022 08:00

É manusear uma adversidade a seu favor, sem perder tempo a apontar dedos. É encontrar o seu melhor lugar no mundo e aí explorar a sua melhor versão. Ser emigrante hoje, é fazer parte de uma economia global que cresce e que não espera, sem tempo para lamentos, sem tempo para "mas".

A 28 de Julho passado, teve lugar no Centro de Congressos da Madeira a edição do Fórum Madeira Global 2022, sob o auspicioso tema "O Futuro das Comunidades". Exemplarmente organizado pela Direção Regional das Comunidades e Cooperação Externa (DRCCE), este evento contou com a presença e intervenção do senhor presidente do Governo Regional da Madeira, Dr. Miguel Albuquerque, que de forma clara e sem abafar dificuldades, apresenta a Madeira de hoje, ativa e mais do que nunca, aberta para o mundo, com grande ênfase na inovação e tecnologias digitais. Aqui estava dado, o perfeito mote para o tema que nos unia a discussão, o futuro - mas não.

Numa sala repleta de emigrantes madeirenses pelo mundo e com o português falado em diferentes sotaques, foram ouvidos inúmeros relatos, de vivências passadas, alguns em forma de desabafo, que se prenderam essencialmente com os graves problemas que os portugueses emigrantes sofrem em alguns centros de emigração, nomeadamente no Reino Unido e Venezuela. As dificuldades no Consulado de Portugal em Londres, que seria quase anedótico, caso não fosse a gravidade que acarreta a cada português emigrado, cada vez que precisa de efetuar uma simples renovação de um cartão do cidadão ou passaporte (mais procurado agora depois do Brexit), registar um nascimento, um óbito ou qualquer outro ato consular, que nos vincula a Portugal, que nos liga ao nosso país.

Da emigração da Venezuela ouviram-se igualmente vozes de desagrado em relação aos postos consulares, em relação ao ensino do Português, em relação à inexistente conectividade aérea entre a Venezuela e Portugal. Questionou-se o fraco papel da TAP e a sua posição como companhia de bandeira que não faz o seu papel, nem junto das suas ilhas, na Madeira e nos Açores, nem junto das comunidades portuguesas pelo mundo, incluindo Venezuela e África do Sul, apesar dos milhões de euros injetados nesta companhia aérea, com dinheiro proveniente dos impostos que pagamos.

E assim passamos o dia, a discutir o passado. Não houve tempo para discutir o futuro, como o Governo Regional da Madeira assim o pretendia (e bem) nem para debater ideias, nem para debater o potencial que a nossa comunidade madeirense pode oferecer à Madeira e a Portugal.

Existem problemas estruturais graves, em determinados centros de emigração que nos impedem de ir mais além. Problemas recorrentes que ultrapassam gerações e que estão nas mãos do nosso Governo da República, em Lisboa, para que sejam resolvidos e nunca o são. De lembrar que o Governo socialista encontra-se em poder há 7 anos e numa posição de maioria absolutista, com total poder para resolver qualquer questão, pois detém a maioria na Assembleia da República.

A emigração portuguesa saiu de Portugal para encontrar melhores condições em outros países, respeita Portugal pelo mundo, visita Portugal com regularidade, continua a contribuir com as remessas enviadas para Portugal, que ajudam Portugal e os portugueses residentes. Pedimos apenas que o Governo da República, em Lisboa, encontre a solução para problemas que não nos cabe a nós encontrarmos soluções, mas que nos desgastam enquanto emigrantes portugueses - façam a vossa parte ou deem lugar aos senhores e senhoras que se seguem, para que possamos verdadeiramente falar num próximo encontro, no futuro.

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