MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

7/03/2025 08:00

No Dia Internacional da Mulher, celebramos conquistas históricas e reconhecemos a luta contínua pela igualdade de direitos e oportunidades. Esta data, que nasceu de reivindicações laborais e sociais, simboliza a força e a coragem das mulheres ao longo das gerações. Porém, mais do que uma comemoração, este dia é um apelo à reflexão e à ação. Afinal, vivemos num mundo onde, apesar dos progressos, as desigualdades de género continuam a ser uma realidade inaceitável.

O feminismo, tantas vezes mal interpretado, é um movimento essencial para eliminar essas desigualdades. Não se trata de tornar as mulheres superiores aos homens, nem de apagar as diferenças naturais entre os géneros, mas sim de expor e corrigir as injustiças que limitam as mulheres, que não garantem os seus direitos e que dificultam a que estas estejam em pé de igualdade face aos homens. Desigualdades e discriminações derivadas de séculos de conservadorismo, patriarcado e misoginia. A sua luta beneficia toda a sociedade, construindo um futuro mais equitativo, digno e respeitoso.

Entre as múltiplas formas de discriminação enfrentadas pelas mulheres, destaca-se a violência obstétrica, uma prática ainda negligenciada, mas que pode ser profundamente traumática. Mulheres em momentos de extrema vulnerabilidade, como o parto, são sujeitas muitas vezes a intervenções desnecessárias, comentários desrespeitosos e tratamentos que desconsideram o seu consentimento. Este tipo de violência reflete a persistência de uma visão paternalista que precisa ser urgentemente denunciada e transformada.

Outro tipo de violência grave, é o abuso sexual, uma ferida aberta na nossa sociedade. Este crime não só viola os direitos básicos das mulheres, como também perpetua uma cultura de medo e silêncio. O combate a esta violência exige uma abordagem integrada: educação, empoderamento das mulheres, políticas públicas eficazes e mudanças profundas nas estruturas de poder. Precisamos criar ambientes onde as mulheres se sintam seguras para denunciar e onde os agressores sejam responsabilizados.

Além disso, é essencial abordar a negligência histórica de doenças que afetam predominantemente as mulheres, como a endometriose e a adenomiose. Estas condições, que causam dor debilitante, infertilidade e impacto profundo na qualidade de vida, refletem um desequilíbrio na pesquisa médica, tradicionalmente orientada para os corpos masculinos. O diagnóstico tardio e a falta de opções eficazes de tratamento são realidades que precisam ser enfrentadas com urgência.

O Dia Internacional da Mulher é, portanto, mais do que um dia de celebração. É uma oportunidade para renovar o nosso compromisso com a luta por uma sociedade onde mulheres e homens tenham direitos iguais, sem preconceitos de género ou limitações impostas pela sociedade. E essa luta não é apenas das mulheres: é uma causa de todos e todas, independentemente do género, que acreditam num futuro mais justo.

No PAN, princípios como a não violência e a garantia de direitos para todas as pessoas fazem parte do nosso compromisso diário. Acreditamos que a mudança começa com cada pessoa, e exige sensibilização e ação na construção de um mundo melhor, em que não podemos perder a esperança.

Que este dia sirva para semear inspiração e iniciativa na luta feminista. Que a força e a resiliência das mulheres ao longo da história nos lembrem de que “podemos não estar a criar um mundo melhor para as nossas raparigas, mas estamos a criar raparigas melhores para o mundo”.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Coordenadora do Centro de Estudos de Bioética – Pólo Madeira
18/12/2025 08:00

Há uma dor estranha, quase impossível de explicar, que nasce quando alguém que amamos continua aqui... mas, aos poucos, deixa de estar. Não há funerais,...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a entrega do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas