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Artigo de Opinião

Advogada

1/06/2022 08:00

Neste dia 1 de junho, Dia Mundial da Criança, as nossas palavras, o nosso coração, o nosso olhar dirige-se para todas e cada uma delas que são "um pedaço da gente que sabe que vai dar certo".

Na vida tenho o privilégio de lidar com tantas e tantas crianças…, de ser mãe, catequista, madrinha, tia, prima, Advogada que as escuta e que tenta estar atenta aos seus sinais … e sou, por isso, uma pessoa tão mais rica, porquanto continuam a ensinar-me que a esperança será, sempre, a última resposta ao sofrimento e o sorriso a "arma" mais eficaz!

Contudo, custa tanto vê-las sofrer … com a separação dos pais, com os maus-tratos que lhes são infligidos, com a fome que vão passando, com a guerra, com o trabalho que lhes é exigido.

Não se olvide que, e de acordo com os dados disponibilizados pelo "Instituto de Estudos Políticos Internacionais" (ISPI), a maioria das crianças e jovens, entre os 5 e 17 anos, envolvidos em trabalho infantil, e são mais de 86 milhões, encontram-se na África Subsariana, local onde as crianças com 11 anos de idade são mais exploradas.

Suzanna Nakryikp, psicóloga, ucraniana, referiu, na edição impressa do Expresso de 20 de maio último, que um elevado número de meninas, entre os 12 e os 14 anos, foram violadas pelas tropas russas e que para elas não há alegria, nem sorrisos, nem carinhos, apenas medo e que "algumas ficam grisalhas ou partes do cabelo tornam-se grisalhas".

Se pudesse carregaria os seus sofrimentos e transformá-los-ia em abundantes formas de Amor, de carinho, de proximidade, que ajuda a sarar tantas feridas que os seus lindos corações já transportam!

No âmbito da Jurisdição de Família, Crianças e Jovens, que tramito como Advogada, não defendo, intransigentemente, os interesses dos meus clientes, porquanto nesta Jurisdição entendo que o bem que carece de proteção é a criança, é o jovem! E quantas vezes tenho renunciado a procurações ou substabelecido em outros Colegas, por considerar que o caminho que o (a) cliente pretende seguir não salvaguarda o melhor interesse da criança.

Efetivamente, é assim que entendo esta jurisdição e considero que é desta forma que o (a) Advogado (a) que é livre, independente e que deve estar ao serviço da Justiça, mais do que do Direito e ao serviço do Direito mais do que da Lei, deve pautar a sua conduta profissional.

Quantas vezes os pais, as famílias nas suas dores não vislumbram os danos que estão a causar às nossas crianças que vão crescendo num conflito que abrirá brechas que poderão não fechar! Exige-se, por isso, a adoção de políticas sociais que possibilite o acompanhamento destes pais, destas famílias, para que os nossos meninos continuem a dançar com a vida e não se tornem adultos incapazes de construir uma família, incapazes de criar vínculos de afetividade.

Custa-me a entender a indiferença perante seres tão frágeis que tantas vezes se transformam em autênticos guerreiros.

Recordo, por isso, o querido paquistanês Iqbal Masih que aos 4 anos foi vendido pela sua família para uma fábrica de tapetes e forçado a trabalhar por mais de 12 horas por dia, sofrendo maus-tratos, bem como privação de comida. Eis que aos 10 anos consegue fugir e torna-se um ativista na luta contra o fim da escravidão e do trabalho forçado de crianças. Vem a receber, em 1994, o prémio Reebok dos Direitos Humanos e em 1995, com 13 anos, é assassinado no Paquistão.

Sejamos todos guerreiros, salvaguardando a maior riqueza da humanidade, as crianças, e que nunca lhe roubemos a capacidade de amar, de voar. Feliz Dia da Criança!

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