A sua tarefa consistirá na organização do partido, num primeiro momento; federando o espaço político à direita, noutro. Tal missão tem uma natureza ciclópica, porquanto as sucessivas tentativas de promover a estabilidade da Direção e a capacidade criativa da mesma têm-se revelado infrutíferas.
Contudo, engrossamos o entendimento de José Miguel Júdice (Expresso, 31 de maio de 2022): "O PSD não vai tolerar outra coisa que não seja a unidade interna, diria que férrea, o que torna a vida de Montenegro nesse plano muito serena".
De seguida, dir-se-á ainda que Montenegro se posicionou de uma forma muito inteligente na disputa eleitoral interna, desejando ardentemente ganhar. Qui-lo e fê-lo. Ao mesmo tempo, exerceu o seu direito ao silêncio e reteve a palavra quanto à definição da política de alianças futura. A seu tempo - tê-lo-á certamente -, poderá ensaiar uma resposta que seja inteligível e politicamente eficaz. Na verdade, terá de fazê-lo impreterivelmente, sob pena de descredibilizar o seu próprio projeto político.
Aliás, Montenegro, nos primeiros tempos, terá de exibir o seu carisma, criando emoções, construindo uma imagem que seja mobilizadora e, sobretudo, credível. Mas mais. Se a um passo se verifica que o PSD precisa de um líder com um raciocínio veloz e de resposta pronta; a outro, torna-se também necessário que tenha capacidade de sedução junto dos meios de comunicação social.
Sem embargo, os sinais que foi dando são muito positivos: i) a escolha de Miguel Albuquerque, Presidente do Governo Regional da Madeira, para mandatário nacional da sua candidatura ao PSD; ii) a importância que atribuiu às eleições regionais da Madeira de 2023, o primeiro teste da sua liderança; iii) privilegiar a unidade na ação e a coesão interna no PSD; iv) ter percebido a importância da Câmara Municipal de Lisboa para o PSD, colaborante que está com a edilidade camarária.
De outra banda, sublinhe-se que a maior ameaça é o "entravamento" da chamada dos quadros mais jovens para o PSD. O PSD envelheceu. É consabido que o ser humano envelhece, um partido grande não pode envelhecer. O rejuvenescimento do PSD é uma necessidade imperiosa. Em rigor, ontem, já era tarde.
Luís Montenegro terá de percorrer as instituições de Norte a Sul; inteirar-se dos anseios das forças vivas da sociedade; para além disso, terá de imprimir um espírito reformador dentro do partido, para no passo seguinte, espoletar uma profunda mudança no País. O PSD é um partido político com vocação maioritária, tem de querer conquistar o poder. Não pode querer ser o número dois. Tem de aspirar sempre pela vitória em qualquer eleição! Se tiver alguma dúvida, é simples: pergunte aos órgãos executivos do PSD-Madeira como é que se faz - sabendo nós que o PSD-M vence eleições há mais de 45 anos, sem interregnos.
Ora, aqui chegados, afigura-se-nos perfeitamente possível extrair uma conclusão que de seguida exporemos: é por demais evidente que o PSD sob a batuta de Luís Montenegro, dará cumprimento ao princípio constitucional do direito de oposição democrática; e, assim sendo, como efetivamente é, não pode Montenegro ambicionar menos do que a Vitória.