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Artigo de Opinião

1/11/2022 08:00

Que fique bem claro, a violência, não pode ser tolerada. Seja na relação com os mais íntimos, parceiros, família ou amigos, como na relação com os outros, no trabalho ou na comunidade. Ou ainda, na relação com o mundo, animais, propriedade ou ambiente. A violência apenas será legítima em resposta a uma situação de risco extremo. Não, a um olhar ou comentário desagradável. É preocupante que para alguns, a violência seja uma forma de resolver conflitos, problemas, divergências, muitas vezes pequenas, não raras vezes interpretadas de forma errada. São preocupantes os juízos precipitados, as interpretações distorcidas, a dificuldade em travar antes de reagir. A leviandade dos comentários, a facilidade das análises, das condenações, e a violência que os mesmos traduzem. A violência não se combate com violência. As mesmas pessoas que condenam o/a agressor/a estão a ser elas próprias agressoras, ou encaram a violência verbal, a ameaça, a injúria, como uma violência "menor"? A violência toma expressões tão distintas como as piadas agressivas (que se desculpam com "foi uma brincadeira"), as palavras que desqualificam (faz o outro sentir-se "menos de nada"), as ameaças (que intimidam, paralisam, criando medo "do que pode vir a seguir"), como a rejeição, a intimidação, a agressão sexual e a física. São diferentes expressões de violência, todas elas com consequências.

Quando nos confrontamos com relatos de violência seja entre jovens como em adultos, o raciocínio imediato é de "o mau e o bom", "o culpado e o inocente". As situações são mais complexas do que a avaliação que se faz de forma imediata, sem pudor ou reserva. Ambos, agressores e vítimas sofrem o impacto do acontecimento (sem esquecer as suas famílias). Ambos têm de ser "olhados" para além daquele comportamento, que sendo inaceitável, deve ser pensado e merecedor de atenção. Só assim, se poderá evitar novos episódios, a escalada e a cristalização do agir violento. Quantas vezes a vítima de hoje poderá cansada de o ser, reagir amanhã, de forma explosiva, descontrolada, extravasando sobre o que o rodeia a raiva, frustração, vergonha que não soube controlar, conter? Quantas vezes ouvimos nas notícias de prime time definir um indivíduo que praticou um ato violento como "sossegado, não se dava por ele"?

O/a agressor/a deve ser responsabilizado/a mas com essa responsabilização deve vir a atenção que tem como objetivo ajudá-lo/a, mas também aos outros que com ele/a se vão cruzar na vida, evitando perpetuar uma história digna de um documentário da Netflix ou HBO.

Entretanto, entre uma história e outra, entre um e outro comentário nas redes sociais, PENSEM no exemplo que é dado, PENSEM se com esse comentário estão a contribuir para PREVENIR A VIOLÊNCIA ou se pelo contrário estão a replicar o que condenam no OUTRO.

Sejam agentes ativos da mudança, na promoção de uma cultura de Não Violência, começando por pensar antes de falar ou agir, seja no "frente a frente" seja no online, escondidos por detrás de um qualquer ecrã, e lembrem-se que as palavras são armas, com um poder muitas vezes letal.

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