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Artigo de Opinião

Mesmo assim, para aqueles que só entendem tudo muito explicadinho, informo que aquilo é uma frase em Inglês, alusiva ao Natal e ao Ano Novo. Se não sabem, pesquisem na Internet, que isso só lhes induca e instrói (também não vale a pena alertarem para os enros de português. São propositados e já ninguém se importa, "o que intressa é a gente persseber").

Pois bem, o que me traz aqui hoje é o compromisso de preencher esta página, pelo que vou aproveitar para dizer mal do Natal, no meu melhor espírito de Grinch.

Aquele senhor que está ali a comentar que é uma tristeza andarmos a pagar a jornalistas para escreverem baboseiras, pode fazer o favor de ir pastar, porque nem eu sou jornalista nem isto é uma notícia (nem é remunerado). Aprenda de uma vez a diferença e respeite. Se não gosta, largue-me da mão e siga chafurdar para o Facebook. Adiante!

Suponho que seja a inexorável passagem do tempo que… (espera, assim não, que fica muito elaborado e filosófico, vou reformular). Vamos ficando velhos e deixamos de ter pachorra para esta barafunda e baralhada do Natal. Porquê?

1 - Começa demasiado cedo e cada vez mais cedo

As promoções de Natal, a publicidade alusiva ao Natal e, principalmente, as Canções de Natal, infernizam-nos a vida a partir de meados de Novembro. Não há pior música no Mundo que aquela que se ouve nesta altura do ano. Nas lojas, nas ruas, na rádio… São sempre as mesmas, só vão mudando as vozes mais ou menos esganiçadas que as entoam. Com excepção da eterna Mariah Carey, que todos os anos abre as hostilidades com o inenarrável "All I Want for Christmas… is youuuuuuuuuuuuuuu… baby". Caramba, até os artigos de opinião sobre o Natal chegam cada vez mais cedo, ainda é só dia 5, pelo amor de Deus!!!

2 - As compras e as prendas

Quando os filhos ainda são pequenos, todos os esforços e despesas valem a pena para lhes vermos aquele brilho de alegria e deslumbramento no olhar. Depois, os filhos crescem e deixam de acreditar no Pai Natal, mas as compras e as prendas nunca mais nos largam. Passamos o ano inteiro a apertar o cinto e a contar os tostões, mas nesta altura transformamo-nos em esbanjadores, por convenção social. Toda a gente tem direito a prenda, mesmo aquela tia chata ou aquele primo embirrento, e é uma vergonha receber e não ter para retribuir. Os amigos secretos são outra fonte de problemas: uma caixa de chocolates em forma de coração, por exemplo, calha bem se for para a menina Lisandra, mas vai ser um problema se for bater ao Dr. Asdrúbal. Com todos estes contratempos em mente, o tempo a escassear e o dinheiro nem se fala, não há espírito natalício que resista: quanto mais perto do dia 25, mais densas são as multidões e maior é a selvajaria.

3 - Almoços e jantares, birras e amuos

O jantar da empresa quando é que vai ser? Para mim, tem de ser almoço; eu só posso ao sábado; eu não pago vinho porque só bebo água; esse restaurante não tem opções vegetarianas; se a Joaquina vai eu não vou…

E o almoço de Natal da família? Da minha ou da tua? O almoço de 25 tem de ser aqui e o jantar em casa da mamã, no fim-do-ano é ao contrário; mas já foi assim no ano passado, prometemos fazer rotação; se não for assim, o Tio Juvenal não vem; eu detesto aquele bacalhau seco que eles fazem todos os anos; se a Júlia te voltar a fazer olhinhos, eu juro que lhe vou às trombas;

4 - Tradições e contradições

São tantas e tão inexplicáveis! Desde logo, a origem do senhor das barbas (não, não me estou a referir a si, Dr. Nunes). A figura do Pai Natal inspirou-se em São Nicolau de Mira, que não era venezuelano, mas sim grego. Aliás, se fosse hoje, seria turco. Que não era rechonchudo, nunca fixou residência na Lapónia, não empregava duendes nem se fazia deslocar pelos céus num trenó puxado por renas voadoras. Foi, isso sim, um bispo católico alegadamente milagreiro (consta que ressuscitou três crianças, depois de um estalajadeiro as ter cortado às postas para fazer pickles), que também foi padroeiro de marinheiros, mercadores e solteironas encalhadas, antes de ser nomeado fiscal do bom comportamento infantil.

Enfim, tantos temas que ficam de fora: o filme mais visto no Natal, época de partilha e união, é o… "Sozinho em Casa"; a flor da época chama-se Manhã de Páscoa; enviar cartas ao Pai Natal, também nem pensar, só lhe chegavam daqui a 6 meses; e ainda a obsessão em desejar Feliz Natal a 5.396 pessoas no Facebook. Podia continuar por aí abaixo, mas já não tenho espaço…
Além disso, de tanto reclamar, acabei por me ir lembrando das pequenas coisas boas que esta época do ano nos traz. Pé ante pé, o espírito do Natal instalou-se…

Se calhar, é disso mesmo que aquele Grinch que todos carregamos à flor da pele precisa, de um pouco de reflexão e tranquilidade, para deixar que os valores venham ao de cima…

Boas Festas!

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