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Artigo de Opinião

Subdiretor JM

1/11/2025 08:05

Chamam-lhes furtos. Outros dizem que são mesmo roubos. Mas ninguém parece duvidar de que os tempos estão propícios aos chamados pequenos larápios, vulgo ladrões.

Os burlões, esses, não são para aqui chamados. São outros, os que tiram muito mais sem a vítima se aperceber. Pelo menos no início...

O fenómeno alastra-se por toda a Região, com registos de vítimas constantes e um crescente sentimento de vulnerabilidade que não pode ser ignorado.

Ainda assim, não há muito tempo, um responsável pelo setor da segurança pública mostrava-se incomodado com notícias publicadas por este Jornal que relatavam o aumento da insegurança entre residentes de algumas zonas do Funchal. Garantia, então, num espaço de intervenção pública, que o que existia era apenas uma perceção distorcida e não um problema real de segurança. Desvalorizava as notícias, portanto.

Como se a sensação de perigo, que inquieta famílias e condiciona rotinas, não justificasse por si só a atenção das autoridades.

A verdade é que a teoria do dito responsável logo ganhou adeptos, nomeadamente de quem está distante da realidade de quem se queixa.

Falava-se então de uma ‘perceção de insegurança’, um conceito que mais parecia provir de um qualquer gabinete de psicologia que pretendia transformar o medo real dos cidadãos numa espécie de esquizofrenia coletiva. Nem ponderavam a possibilidade de admitir que as perceções, quando se tornam comuns, pudessem ter fundamento. A verdade está nos números.

Dados recentes fornecidos pela Polícia de Segurança Pública ao JM indicam, por exemplo, que o crime de furto continua a ser um dos mais frequentes na Região, com uma média superior a 1.400 casos por ano. Só entre janeiro de 2022 e junho deste ano, foram registados mais de quatro mil furtos e identificados 1.145 suspeitos, 136 dos quais apanhados em flagrante delito.

As estatísticas mostram que os carteiristas continuam ativos, sobretudo nas zonas turísticas e nas áreas comerciais do Funchal. E, embora a PSP sublinhe que a maioria dos objetos furtados tem valor reduzido, isso não atenua o impacto emocional das vítimas.

No fundo, o problema não está apenas no número de ocorrências, mas na perceção de impunidade que se instala. E não basta vigiar mais, é preciso prevenir melhor.

Pode discutir-se o conceito de insegurança, mas não se pode ignorar a evidência de que há cada vez mais madeirenses que olham por cima do ombro ao atravessar a rua ou ao estacionar o carro à noite. Que consideram que o problema não se resolve apenas com câmaras de vigilância ou com mais luz nas zonas escondidas.

É preciso reconhecer que há um problema e começar por admitir que o medo, quando se generaliza, já não é só perceção: é consequência.

Sim, os números são apenas números. Mas, neste caso, são números que falam alto. E não vale a pena fingir que não os ouvimos.

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