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Artigo de Opinião

10/10/2022 08:00

Por exemplo, nos últimos três anos, quantas vezes leu ou ouviu as palavras Educação e Liberdade na mesma frase? Quantas vezes leu ou ouviu falar de Liberdade de Escolha no contexto da Educação? Quantas vezes parou para pensar e analisar ou discutir estes temas como um todo e as suas interligações?

É muito provável que não sejam muitas e que a maioria delas seja mais sobre a liberdade de escolher a educação que queremos, em vez da liberdade de escolha que a educação nos dá.

Podemos achar que é importante pode escolher a educação que preferimos para os nossos filhos, para a nossa comunidade, para o país. Mas, ao fazê-lo, não estamos a defender a liberdade, nomeadamente a liberdade de escolha dos nossos filhos, estamos apenas a defender as nossas convicções.

Se queremos mesmo fomentar a Liberdade, no geral, e defender a liberdade de escolha, em particular, temos de partir da Educação. Como defende George Lakoff, um filósofo norte-americano especialista em linguística cognitiva, «sem uma Educação sólida não seremos livres por diversas razões».

Segundo o autor de "Don’t think of an Elephant", é através da Educação que conhecemos o mundo e as várias possibilidades na nossa vida. «Se não tivermos consciência daquilo que é possível, nem sequer podemos traçar objetivos de vida. A Educação não se limita a encher-nos a cabeça com factos, ensina-nos a pensar, a repararmos, a sermos críticos, a agirmos racionalmente, a ser práticos e a aceder aos factos por nós próprios. A Educação dá-nos competências, a capacidade de fazer coisas que não conseguiríamos de outra forma».

Lakoff acrescenta que, de facto, «as pessoas com melhor Educação têm maior potencial económico - e o dinheiro ajuda-nos a ser livres de diversas formas - mas a liberdade que a Educação nos dá é mais valiosa que o dinheiro: Abre possibilidades de nos ligarmos à natureza, de ter uma vida estética, de ter uma vida cheia de ideias, de compreendermos o que se passa à nossa volta e para nos percebermos a nós próprios. E dá-nos o conhecimento e a oportunidade de sermos cidadãos produtivos e de contribuir para a nossa própria liberdade e para a liberdade dos outros através da participação política e social».

O autor defende ainda que a Educação é uma questão de liberdade, mas a educação pública, em concreto, contribui para que o impacto seja ainda maior diferenciador para a sociedade como um todo, com duas componentes muito importantes: A primeira é que, uma vez que a Educação pública é acessível ao grande público, há mais gente que se torna mais livre. Permite ainda o contacto e o convívio com mais gente, com experiências de vida diferentes, permite estabelecer relações humanas com mais pessoas e abre a possibilidade de compreender e sentir empatia por muito mais gente. A segunda, é que a educação pública pode ser escrutinada publicamente, evitando que se reduza o que se ensina a um conjunto de ideias definido por interesses privados ou religiosos.

O acesso à educação pública, de qualidade, a começar pelo ensino pré-escolar, deve por isso ser encarado como uma aposta na liberdade de pensamento e de autodeterminação pessoal. Estas capacidades são essenciais para que os alunos de hoje possam, num futuro próximo, ter um maior leque de opções que lhes permitam uma maior liberdade de escolha e a capacidade de escolher melhor.

Vivemos num tempo em que alguns movimentos mais radicais procuram canalizar a insatisfação das pessoas mais desfavorecidas para outras que estão igualmente mal. Precisamos de soluções que interrompam os ciclos de pobreza que ainda subsistem. A Educação, que é o maior elevador social conhecido, é a primeira resposta.

Quanto mais gente tiver boas escolhas para fazer e a capacidade de as fazer, mais perto estaremos de cumprir o nosso potencial. A aposta na Educação é um investimento seguro no futuro e é, também por isso, uma aposta vencedora na Liberdade.

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