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Artigo de Opinião

Diretor

17/02/2024 08:05

Andamos há três semanas nisto.

Mal nasceu a crise política, o PS queria eleições depressa e o PSD tinha pressa em segurar o poder.

Depois, o PS refreou os ânimos e agora quer ver o governo a arder em lume brando. E o PSD, que não queria mudar nada, agora quer eleições o mais depressa possível.

E a política regional transformou-se numa espécie de jogo à moda antiga do ‘pontapé de canto a canto’. Bola vai, bola vem.

Andamos há três semanas nisto.

Os entendidos da bola apreciam as defesas e os remates, mas estimam muito a estratégia. Valorizam o meio-campo, as assistências e a distribuição. Mas este jogo não tem nada disso.

É um jogo sem cabeça. Sem visão. Sem planeamento. Sem nada. É feito de impulsos e reflexos emocionais que ditam agendas ao dia, ou mesmo à hora. E o que era verdade ontem, deixou de o ser ontem mesmo.

A coerência foi mandada às urtigas. O bom-senso foi atirado ao silvado. E prevalecem as bocas, os julgamentos, as acusações pueris e os discursos com um monte de nada.

Neste deserto que preenche a vida mediática nacional – que abre telejornais e enche páginas e noticiários e comentários – falta discernimento. Falta pensamento. Faltam pés no chão e cabeça fria para evitar o ziguezague a que temos assistido.

Andamos há três semanas nisto.

E é nesta fase que faz sentido fazer uma simples pergunta: já alguém, entre os políticos de primeira linha, parou para pensar nos cidadãos? As pessoas, de que tanto gostam os governantes, os partidos e os candidatos, já alguém pensou nas pessoas?

E nas empresas? Alguém se lembrou que este tempo de indecisão estará a causar sérios problemas no mundo empresarial? Que a falta injustificada e inexplicável de Orçamento Regional está a causar, já agora, constrangimentos de tesouraria? Alguém pensou nisso e como teria sido fácil evitar este impasse mesmo depois da crise?

Independentemente de tudo o resto – e da importância que tudo o resto tem – parece urgente fazer duas coisas: parar para refletir e pensar que há mais vida para além desta luta por manter ou alcançar o poder.

Há pessoas, há empresas, há instituições públicas que vivem em suspenso, a acompanhar à distância uma distração política que atrai algumas dúzias de praticantes, mas não paga contas nem faz mexer a economia que alimenta milhares de madeirenses.

Andamos há três semanas nisto.

Se a política vai assim, a justiça vai pior. Em 25 dias, viu-se quase tudo.

Viu-se o Ministério Público e a Polícia Judiciária numa luta na lama em nome de um estranho conceito de justiça.

Viu-se, em direto, um País roubar a vida a três cidadãos durante 22 dias. Roubar foi a expressão habilmente usada por Daniel Oliveira, um dos comentadores do programa Eixo do Mal, na SIC.

E roubar é uma boa expressão para classificar a atitude de um Estado de Direito que acha bem tirar 22 dias de vida a três pessoas a quem foram subtraídos documentos, foram feitas escutas, foi vasculhada a casa e tornada pública a vida. Tudo isso antes de uma investigação cuidada, como observa a primeira decisão judicial.

Viu-se, por fim, como mal vai a justiça que assenta sobre escombros feitos de brigas internas, de pequenos poderes e desautorização ao mesmo tempo. Uma justiça que vê e faz muitos filmes e que os portugueses são todos os dias chamados a patrocinar.

Andamos há décadas nisto.

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