MADEIRA Meteorologia

Artigo de Opinião

Diretor

12/11/2022 08:05

A frase é antiga, como antigos são os poços cheios de água suja. E o ensinamento que transmite é tão simples: a não ser com recuso a processos técnicos, é impossível tornar bebível um copo de água castanha de lama.

A lama, na verdade, parece ser uma boa analogia para o que aí vem. Estamos a menos de um ano das Eleições Regionais e não é preciso ser adivinho para antecipar a derrocada de lamaçal que isto vai ser nas redes sociais.

Esse fenómeno nem é novo, já o conhecemos bem na última década. Mas é garantido que vai aumentar exponencialmente a boataria, o diz que disse, a partilha manhosa, a pequena e a grande vingança.

E a isso temos de juntar os perfis falsos, que devem estar em estágio para o maldizer, a denúncia gratuita e vulgar.

E é bom contar também com os comentários anónimos, tão corajosamente escritos por quem se sente mais livre do que os outros, apenas porque anda no lado mais escuro da vida. Porque é mais confortável falar rijo debaixo de uma máscara do que esboçar uma crítica de cara descoberta.

Numa sociedade como a nossa, bastante marcada por extremos, essa técnica ainda resulta.

De um lado, temos tanta gente a esticar-se para parecer bem, para agradar, para sorrir aos que mandam - mandem eles muito ou pouco, bem ou mal. São os verdadeiros seguidores que se demitem de pensar, mesmo que seja para concluir, com toda a legitimidade, o que já foi concluído - e muitas vezes acertadamente.

No outro lado, aumentam os que acham que às escondidas é que é. Que aí podem tudo. E fazem ajustes de contas e abatem uns e elevam outros. Na maior parte das vezes, são esses que confundem liberdade com libertinagem.

E no meio de uns e de outros, o que temos?

No meio temos tanta gente distraída!

Gente de bem que aceita seja o que for e segue em frente porque isso é lá com eles e se eles são grandes, que se entendam.

Este é o ambiente perfeito para a mentira, as notícias falsas, as suspeitas e, no fim da linha, o desinteresse generalizado.

Neste cenário de perfis falsos e comentários anónimos, o boato e a mentira encontram caminho tão favorável como palhetes em mato feito de sarimba seca.

Uma vez incendiado, pouco há a fazer. Protestar contra o vazio, será como dar socos ao vento. De pouco vale justificar ou explicar.

Restam três caminhos: validar e dar sequência, se a denúncia for verdadeira - e é justo reconhecer que também as há.

Ignorar e seguir em frente, o que pode ser difícil.

E, a mais fácil de todas: não partilhar o que não é sério, nem tem rosto. Simples.

Se os que se esticam para agradar fizerem isso, ninguém os vai molestar.

Se os distraídos fizerem isso, ninguém lhes vai pedir contas.

Mesmo assim, pode nada resultar pela simples razão de que não é fácil navegar no pântano das redes sociais, onde tudo se pode dizer sem quase nada confirmar.

Vale a pena voltar ao princípio: de um poço sujo não se tira água limpa.

A frase é antiga, como antigos são os poços cheios de água suja.

OPINIÃO EM DESTAQUE
Enfermeira especialista em reabilitação e mestranda em Gestão de Empresas
11/12/2025 08:00

O inverno chega e com ele, a pressão sobre os pulmões e sobre o sistema de saúde. As infeções respiratórias agravam-se: gripe, bronquiolites, crises asmáticas...

Ver todos os artigos

88.8 RJM Rádio Jornal da Madeira RÁDIO 88.8 RJM MADEIRA

Ligue-se às Redes RJM 88.8FM

Emissão Online

Em direto

Ouvir Agora
INQUÉRITO / SONDAGEM

Concorda com a entrega do Prémio Nobel da Paz a Maria Corina Machado?

Enviar Resultados
RJM PODCASTS

Mais Lidas

Últimas