“Onde vos retiver a beleza de um lugar,
há um Deus que vos indica o caminho
do espírito”
(Natália Correia)
A pretexto do Dia Nacional dos Bens Culturais da Igreja que se celebrou no dia 18 de outubro, dia de São Lucas, padroeiro dos artistas, servem estas palavras para chamar a atenção para este Património que nos pertence. Por isso, entre nestes lugares que foram construídos para Deus e aproveite o silêncio que o tempo deixou gravado nas paredes. Deixe-se encantar pela Beleza que o envolve, pelas imagens que contempla e diante das quais tanta gente tem entregado a vida, pela riqueza dos objetos que, no altar, são testemunhas de tantos milagres que atravessam a história.
Lugares de culto e de cultura, cada templo da nossa diocese revela-se um mundo de diálogos entre a fé e a arte de cada tempo, entre Deus e os Homens, entre as (nossas) pequenezes e a Esperança. Temos maravilhas à mão do nosso olhar. Talvez este seja o tempo de as contemplar, de aprender o que os olhos veem, de escutar o que nos diz cada lugar. O Cardeal Tolentino lembra-nos sempre que o Sagrado se pode servir das gramáticas dos poetas, dos escritores, dos artistas, mas também a da tradição, a das expressões artísticas que decorrem da piedade popular. E a nossa cultura, no seu sentido mais pleno, não pode ser compreendida sem a chave cristã.
Somos herdeiros de um Património impressionante; um património material (de arquitetura, de pintura, de escultura, de música) e um património imaterial (na área do saber-fazer, das tradições, das representações populares que, sendo, muitas vezes, profanas, são tão espirituais...) que não podemos (nem devemos) ignorar e que temos de cuidar. Porque nos pertence.
Só se cuida do que se ama e só se ama o que se conhece. E há tanto para conhecer à nossa volta. Cuidemos, pois, do que é nosso.
Este é, pois, um convite ao assombro: as igrejas e capelas que habitam a nossa terra ou o Museu de Arte Sacra são escolas vivas, alimentam a nossa humanidade, abrem-nos ao Mistério. E estão à sua espera.