Os israelitas piedosos rezavam-nos nas festas da Páscoa, do Pentecostes e das Cabanas, mas também nas peregrinações. O número 17 corresponde aos degraus do átrio das mulheres que as conduziam através do átrio dos homens até à porta de Nicanor em Jerusalém.
Lucas, rezando ou até cantando na festa das Ascensões. Esta tradição continua viva também hoje com os peregrinos cristãos, como nós o fizemos tantas vezes.
O cristão, para esclarecer a sua vida e a sua fé, consulta o Antigo e o Novo Testamento, porque a vida e a mensagem de Jesus mostram o seu verdadeiro sentido através de uma história do Povo de Deus que, para o cristão, é a sua própria história.
A ideia da peregrinação aparece no antigo calendário litúrgico que fornece as indicações para as celebrações das festas.
"Tu me celebrarás três festas por ano... não aparecerás diante de mim com mãos vazias..." (Ex. 33,14-19). O Deus de Israel toma o lugar das antigas divindades nómadas, antes de serem visitadas pelo povo de Israel. Os antepassados tornaram-se os modelos dos peregrinos, e deram origem aos lugares santos, onde nasceram as narrações bíblicas. O santuário ou cidade santa, era o lugar de procurar a Deus.
O rei David, cerca do ano 1.000 a.C., toma Jerusalém, cidade dos Jebuseus, que não pertencia a nenhuma das doze tribos, e unifica todo o território, transporta a Arca da Aliança para Jerusalém, de maneira que a cidade se torna o centro religioso de Israel. Salomão, seu filho, constrói o majestoso Templo. Desde então, as três festas
de peregrinação, são celebradas em Jerusalém.
Com o exílio para Babilónia, toda a cidade santa é destruída juntamente com o Templo. Os exilados exprimem o seu amor por Jerusalém com um Salmo extraordinário (137) de beleza e dor que, Camões cantou em dois sonetos, e Verdi imortalizou na ópera o Nabuco com "Va pensiero, sull´ali dorate" ...
A experiência dolorosa do exílio vai permitir a purificação do culto divino e
das peregrinações, a pregação e escritos dos profetas, sem sucesso durante vários séculos, vai permitir um ressurgimento espiritual e mudança de vida do povo santo de Deus, os anawin, até ao nascimento de Jesus no seio puríssimo da Virgem Maria.
O Custódio da Terra Santa, Frei Francesco Patton, na Revista franciscana Terra Santa, alerta os cristãos e homens de Boa Vontade: "NÃO TENHAM MEDO DE VISITAR A TERRA SANTA" convida a todos os peregrinos, aqueles que já visitaram os Lugares Santos e também a todos os que gostariam de visitá-los, para conhecerem os lugares onde a Palavra de Deus foi revelada, e, sobretudo, os lugares onde o Filho de Deus se fez carne por amor de nós".
São Jerónimo (367-462), o tradutor da Bíblia em latim, chamada Vulgata, do seu mosteiro de Belém, junto à gruta do nascimento de Jesus, convida e incita os cristãos do seu tempo e do futuro, a visitarem Jerusalém e os lugares santos da Palestina, para conhecerem melhor a Sagrada Escritura. A diocese do Funchal, atendeu ao grito deste gigante do século IV, da minha parte, agradeço ao meu bispo franciscano Dom David de Sousa, ter permitido terminar os meus estudos bíblicos em Jerusalém, e aos padres dominicanos da École Biblique por me terem ensinado não só a contar as "Torres de
Sião" na arqueologia, mas principalmente a fazer do estudo bíblico um caminho de retiro itinerante para servir o povo de Deus.