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Artigo de Opinião

Bispo Emérito do Funchal

2/01/2021 08:00

Apelam ao parecer de um exame científico, filológico-histórico-crítico do tema. Segundo eles Maria foi mãe de uma família numerosa. Esta posição não provocou fortes oposições nem enérgicas reações dos exegetas e teólogos católicos, visto a maioria deles se aterem ao "academicamente correto no tempo atual, deixar que cada um

expresse livremente o seu pensamento, sem combatê-los publicamente".

O conhecido exegeta Vittorio Messori, que acredita na virgindade perpétua de Maria, faz uma boa síntese da exegese católica sobre este tema. Na América do Norte, um conhecido exegeta padre católico, John Meier, está no extremo oposto de Messori, afirmando ser a opinião mais provável que os quatro irmãos e irmãs de Jesus, citados pelos evangelhos, são filhos de Maria. Desta forma, Meier, sem negar a fé católica na virgindade de Maria, elimina os elementos históricos e exegéticos que a sustentam.

A doutrina exegética racionalista, por outro lado, prescinde por sistema de fé nas suas investigações, sem temer chegar a conclusões contrárias à fé da Igreja. A pesar de tudo isto, no princípio da Reforma, tanto Lutero como Calvino e Zwinglio professam com toda a devoção e habitual orgulho de expressão a virgindade de Maria em toda a sua vida.

Lutero considera "loucos e vilões" os poucos hereges que, então, negaram esta fé. Os herdeiros dos pais da Reforma afirmam, como facto sem discussão, que Maria foi uma mãe judia, que teve pelo menos quatro filhos e duas filhas. O luterano Bornkamm disse: "Não existe o problema dos irmãos do Senhor senão só para a dogmática católica". Esta heresia contaminou vários professores católicos que se dizem" livres de prejuízos confessionais". Quanto aos habitantes atuais nos países orientais e africanos, mesmo para os árabes modernos, têm termos para irmãos e primos, o que não acontecia no tempo de Jesus, José e Maria.

Nas Bodas de Caná, narradas por São João, alude-se aos "irmãos de Jesus" e seus discípulos, a tradução deve ser esta: "Depois disto, desceu a Cafarnaum com Sua Mãe, seus irmãos e seus discípulos, mas não se demoraram lá muitos dias" (Jo.2,12). Ao lado de Jesus Mestre forma-se um pequeno grupo espiritual, em que todos são irmãos. Após a morte de São José, Maria, já viúva, não fica sozinha, segundo o costume do seu povo une-se à sua família é, pois, normal que os outros habitantes os considerem irmãos e irmãs. Na cruz Jesus confia sua Mãe ao discípulo João, filho de Zebedeu, se houvesse filhos reais de Maria, porque recorrer a outra pessoa?

Contudo, todos esses argumentos não têm força alguma para os que negam, a historicidade dos evangelhos. A fé, na virgindade perpétua de Maria, foi professada pela tradição e o Magistério. O concílio Vaticano II confessa; "a gloriosa sempre Virgem Maria", o Papa São Paulo VI coloca esta verdade no Credo do Povo de Deus (1968) como dogma da fé. "Maria permaneceu sempre Virgem", esta é também a fé unânime da Igreja Ortodoxa do Oriente.

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