A numismática é uma ciência auxiliar da arqueologia, com o mérito de ilustrar as narrações bíblicas. Os mais antigos exemplares de moedas aparecem na época do Reino persa, ou seja, cerca do século V a. C., tendo continuado depois com os gregos e os romanos. Esta invenção ajudou e facilitou as relações comerciais, tendo também contribuído para uma forma de arte, através de moedas de oiro, prata e metais. Até os Papas de Roma, em cada ano do seu serviço apostólico, editam uma medalha com um dos temas mais importantes de cada ano, em oiro, prata e metal, que se tornou um motivo muito forte de compra para os colecionadores de arte.
A Palestina possui nos seus Museus coleções de moedas dos tempos dos asmoneus e de Herodes. Devido às moedas encontradas nas escavações é possível datar a estadia dos refugiados na zona do Qumran e dos manuscritos preciosos de textos do Antigo Testamento, sendo o maior e mais importante o texto do Profeta Isaías.
Para o Novo Testamento, temos as moedas de Herodes o Grande e de seus filhos, que seguem o desenvolvimento da sua política nas suas moedas com o título de rei, enquanto Herodes Filipe, que governava o norte da Palestina, cunha moedas com o busto do imperador de Roma e, no reverso da moeda, a fachada do templo pagão de Panias.
Pôncio Pilatos, procurador de Roma, em Israel, cunha modas de cobre com datas diferentes, no ano 27 e outra no ano 30, talvez a data da morte de Jesus. Estas moedas eram de caráter pagão e não podiam circular no Templo de Jerusalém devendo ser trocadas antes de entrar na casa de Deus por outras, sem face ou nome de imperadores.
As moedas servem também para as fontes históricas do Novo Testamento. São Mateus refere-se várias vezes ao DENÁRIO, quando os judeus, para tentar Jesus, perguntam se devem pagar o denário de prata, cunhado pelo imperador de Roma Tibério, e o Mestre responde: "Dai a Deus o que é de Deus e a César o que é de César" (Mat.22,15); novamente quando na parábola dos operários da vinha ajusta um denário por dia (Mt.20,1-3). São Lucas (10, 30) na parábola, o Bom Samaritano pagou dois denários ao estalajadeiro que tratou o homem ferido pelos ladrões: São Marcos (14,3 e ss.) na unção de Betânia, quando alguns disseram que fora um desperdício visto o perfume ter custado mais de 300 denários.
A Mammona, símbolo da riqueza do poder económico oposto a Deus, conhecida também por mammona da iniquidade que São Lucas emprega na frase "não se vendem cinco passarinhos por dois ASSES (Luc.12,6), e a proibição aos apóstolos de não levarem consigo "oiro, nem prata, nem cobre no vosso cinto" (Mt.10,9).
Nos evangelhos, lemos as moedas TALENTOS, em São Mateus, as Minas em São Lucas (19,12-28), a história de um homem nobre que foi para um país distante, entregou a um seu servo dez MINAS, ou seja, cerca de 35 gramas de oiro, equivalia a 100 dracmas e a 60 partes do talento.
Aos fariseus amigos do dinheiro, São Mateus opõe o publicano sentado num telónio que abandona todas as suas riquezas e o seu trabalho para seguir a Jesus (Mt.9,9).
Em Jerusalém, no Templo. Jesus louva a generosidade de uma pobre viúva que tinha deitado dois OCHAVOS, tudo quanto possuía, na caixa das esmolas para o Templo de Deus. Jesus ordena a São Pedro para pagar a DIDRACMA, tributo que todos os israelitas entregavam anualmente para as despesas do Templo e do culto a Deus. (Mt.17,24) São Mateus refere-nos também (Mt.26,14) as trinta moedas de prata ou SICLOS que os príncipes dos sacerdotes deram a Judas para lhe indicarem onde estava Jesus, preço da traição do discípulo (Ish) de Kariot.
Os franciscanos, que têm estudado a Terra Santa, desde os tempos de São Francisco, e se tornaram conhecidos pelo cuidado dos santuários, e também pelas escavações arqueológicas, possuem em Jerusalém uma escola de estudos bíblicos e um Museu muito rico em moedas antigas. Os judeus, de igual modo, têm uma especial atenção pelas moedas que continuam a encontrar desde os tempos mais antigos, mostrando aos árabes que esta é a terra que Deus prometeu a Abraão e à sua descendência.