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Artigo de Opinião

CULTURAS GLOBAIS E CRIATIVIDADE

3/01/2022 08:00

Agora que acalmaram as fotos de pijamas coloridos perto de árvores de plástico, os sorrisos "amarelos" para a pose, talvez possamos começar a projectar o terceiro 2020 d.c. (depois do Covid). Lembra-se daquelas promessas de Dezembro, das dietas para Janeiro, aquelas 12 passas dos desejos, os objectivos, aquela esperança do "agora é que é"? Lembra-se? Esqueça, é melhor. Não sabemos o que está ao virar da esquina. Como cantava Janis Joplin: Não há tempo, não há meses, nem anos, isto é sempre o mesmo dia. Que o diga as duas primeiras tentativas de 2020.

Este ensaio de ignorante opinião não traz o banal dos votos de ano novo. Por certo não será um ano fácil, muitos desafios estarão ao nascer do sol, talvez passe rápido e, se sobrevivermos, já não está mau. Este ensaio, no entanto, pretende tocar algo que nos tem faltado nestas duas tentativas de entrar nos anos 20 do Séc. XXI de peito cheio. Esperança.

Parecemos viver num tempo estranho, com muita "banha da cobra" besuntada por aí, com individualismos ocos e sem jeito nenhum, frases feitas sem fim a defender as mais diversas barbaridades e tantas outras bacoradas que até dá dó. Ainda que assim não percamos o Norte. Há esperança, e não esperança vã. Se está a ler isto, sobreviveu ao fim do mundo e sobreviver é talvez o segredo.

Thomas Hobbes, autor do Leviatã defendia a iniquidade da natureza humana. Ou, por outras palavras bem-sabidas do belo Madeirense comum, a natureza humana é uma pouca de… Por outro lado, Jean-Jacques Rousseau defendia que lá no fundo, lá bem no fundo, somos todos bons, a civilização é que nos arruinou. Cada qual que decida o seu lado.

Ainda que tal, falava em esperança e é melhor falar de factos. Estudos recentes comprovam que cerca de 80% dos soldados nas Guerras Mundiais nunca dispararam a arma. Os golpes fatais aconteceram sobretudo à distância. A proximidade traz a solidariedade ao de cima, dificultando a violência. Outro estudo mostra que a maior parte das baionetas em museus e outros apetrechos de guerra nunca foram usados. Nos anos 60, 6 rapazes naufragaram na Ilha de Ata, permanecendo ali cerca de 2 anos. Sobreviveram graças à cooperação e não à anarquia. Em 1972 um voo despenhado nos Andes fez com que uma equipa de Rugby juntasse forças para sobreviver. Não é preciso ir tão longe. Em 2010, na nossa Ilha vi um povo unir-se para lutar e sobreviver às tremendas chuvas de Fevereiro e os fatídicos incêndios de Agosto. Há muitos outros exemplos por aí, espalhados pela História e pelo globo. Claro que também há ocorrências horrendas, o Holocausto à cabeça, etc. O ser humano é também capaz de hediondas façanhas. No entanto, o que estudos cada vez mais unânimes têm vindo a defender é a vocação para o bem e cooperação do ser humano, sobretudo em tempos de crise e desafio. Por outro lado, há estudos mais aterradores que ressalvam que cerca de 70% da população na História foi neutra e deixou-se governar, ou, como actualmente, comenta nas redes sociais e pouco mais. A mediocridade, assim, multiplica-se facilmente. É a pura matemática da teoria do 80/20. 80% não faz nada de jeito, para 20% puxar a carroça.

Fica a pergunta: De que lado da História queremos estar?

Para uma leitura estimulante e de Esperança, um livro: Humanidade, Uma História de Esperança de Rutger Bregman

Até…

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