Andava eu perdido nos recantos mais belos do éter e, de repente, a voz inconfundível e quase mágica de Diana Krall ecoa com a sua interpretação de “Boulevard of broken dreams” um original de 1933 interpretado pela primeira vez por Deane Janis com a Hal Kemp’s Orchestra, e nem de propósito, não sendo 180 Greenwich street, uma avenida, mas uma rua, encerra em si no silêncio das duas piscinas do memorial do 9/11 a miríade de sonhos desfeitos pelo mal que deambula entre nós.
Este ataque personifica de forma cabal, a ignorância e a inveja, é a guerra sem ideal, abrindo as portas do medo e do terror ao inimigo invisível, num Mundo que se quer de certezas, união e fraternidade entre os homens, fere-se a confiança de forma avassaladora, abalando esse alicerce de equidade e respeito entre os homens.
180 Greenwich street, esta é a morada dos 2 mais famosos edifícios do complexo empresarial do World Trade Center, a torre Norte 1 WTC o edifício mais alto na altura de construção e a torre Sul 2 WTC, as quais foram o epicentro de um ataque contra a humanidade, que ainda hoje sofre, das repercussões do mesmo.
Uma manhã inteira não é uma coisa, mas muitas, diz-nos John Steinbeck, e nessa manhã de 3ª f de 2001, foram demasiadas.
Nessa manhã o símbolo da inovação, da visão cosmopolita e de urbanidade, comunhão entre povos, e símbolo do progresso e evolução do Homem foram destruídos. Às 08h45m (NYC) cerca de 14154 pessoas encontravam-se nas torres (fonte Port Authority NYC), cidadãos de mais de 100 nacionalidades trabalhavam nas torres gémeas.
A Torre Norte 1 WTC foi a primeira a sofrer o embate – 8h46m pelo avião 767 da American Airlines 11, seguido pela Torre Sul 2 WTC – 09h03m pelo avião 767 da United Airlines 175, curiosamente a primeira a desmoronar-se, em 56min às 9h59m, infelizmente a Torre Norte teve o mesmo fim às 10h28m.
No WTC morreram cerca de 2606 pessoas, mais de 102 nacionalidades, 9 portugueses e lusodescendentes, que acordaram e levantaram-se para ir para um dia normal de trabalho, não sabendo que não voltariam a ver, nem estar com aqueles que amam (o Amor é eterno não tem lugar estanque no passado) que não puderam despedir-se dos filhos, dos pais, cônjuges (excepção aos últimos telefonemas feitos das torres, vide documentário de uma dureza real, de James Kent de 2009 – 9/11 phone calls from the towers), isto mostra também a relevância de a cada momento sabermos deixar o melhor de nós, na hora de despedida, mesmo que acabrunhados pela repetição dos dias, que assoberbados em tarefas, ou apenas desiludidos com a existência, cada vez que estamos perante os que amamos dizê-lo e agir em conformidade, deixar em cada momento transpirar em gotas visíveis todo o amor que flui do nosso interior...
Neste dia o Mundo mudou, a incredulidade e o choque paralisaram-nos. Não podemos esquecer esta agressão vil contra o mundo civilizado.
Mais de 200 pessoas atiraram-se em desespero das torres para a rua dos sonhos desfeitos, sendo a mais famosa “the falling man” fotografia de Richard Drew da AP.
Neste ano 2024, os Media pouco ou tempo nenhum dedicaram à memória deste dia, é no mínimo triste.
9/11 - não podemos esquecer, há um dever de memória colectiva, para com o vil ataque, ao mundo moderno, civilizado!
Quantos foram os sonhos desfeitos!