A União Europeia (UE) acusou hoje a Rússia de cinismo por convocar uma reunião do Conselho de Segurança da ONU sobre o multilateralismo, considerando que Moscovo violou a Carta da organização com a invasão da Ucrânia.
"Ao organizar este debate, a Rússia está a tentar apresentar-se como defensora da Carta da Organização das Nações Unidas (ONU) e do multilateralismo. Nada pode estar mais longe da verdade. É cínico. Todos nós sabemos que enquanto a Rússia está a destruir, nós estamos a construir. Enquanto eles violam, nós protegemos", disseram os 27 Estados-Membros da UE em comunicado.
O Conselho de Segurança reuniu-se hoje para um debate aberto de nível ministerial sobre "Multilateralismo efetivo através da defesa dos princípios da Carta da ONU", convocado pela Rússia e presidido pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
De acordo com a UE, se a Rússia se preocupa realmente com o multilateralismo efetivo, a primeira maneira de provar isso seria "retirar imediata, completa e incondicionalmente todas as suas forças militares do território da Ucrânia dentro de suas fronteiras internacionalmente reconhecidas".
"A comunidade internacional deve permanecer firmemente empenhada em garantir a responsabilização pelos crimes cometidos na Ucrânia e contra ela", diz o comunicado.
"Queremos enfatizar que todos os esforços de apoio à Ucrânia vieram em adição, e não em substituição, dos nossos compromissos globais. Manter a ordem baseada em regras, um termo que a Rússia deliberadamente interpreta erradamente, significa respeitar o direito internacional e a Carta da ONU e garantir que essas regras se apliquem a todos", acrescenta a nota.
Os 27 Estados-membros da União Europeia asseguraram ainda que serão "implacáveis" no compromisso de defender o direito internacional e de trabalhar como uma força para a paz inclusiva, o desenvolvimento sustentável e a promoção e proteção dos direitos humanos.
A Rússia, um dos cinco membros permanentes do Conselho de Segurança e com poder de veto, assumiu este mês a presidência rotativa do órgão, que tem capacidade de fazer aprovar resoluções com caráter vinculativo.
Lavrov viajou para Nova Iorque no âmbito da presidência russa do Conselho de Segurança e presidirá a dois debates, sobre o multilateralismo e o Médio Oriente.
O chefe da diplomacia russa aproveitará ainda a oportunidade para discutir diretamente com o secretário-geral da ONU, António Guterres, a continuidade do acordo dos cereais do Mar Negro e o descontentamento de Moscovo com a falta de cumprimento de certos aspetos da iniciativa.
Lusa